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quinta-feira, 21 de abril de 2016

Rua Cloverfield, 10 (10 Cloverfield Lane)

O roteiro de “Rua Cloverfield, 10” não é muito original na situação que ele cria, mas mesmo assim ele consegue ser bem interessante, inteligente e bem desenvolvido. Além disso, ao se passar no mesmo universo que o filme “Cloverfield – Monstro” cria uma situação peculiar já que o espectador sabe mais sobre o que está acontecendo do que os personagens. Aí entra o fator criatividade em fazer uma mistura de continuação com prequel (talvez um spin off seja uma melhor definição) de maneira diferente, principalmente pelo fato do “filme original” ter uma característica marcante que em ser filmado em primeira pessoa como se um dos personagens tivesse filmando (gênero conhecido como found-footage onde a filmagem do personagem foi encontrada depois).

Outro ponto positivo é o fato de termos uma protagonista feminina forte que em nenhum momento fica esperando que algum homem apareça para resgatá-la. Michelle (Mary Elizabeth Winstead de “Scott Pilgrim contra o Mundo”) foi embora de casa e na estrada sofre um acidente de carro. Quando acorda está num quarto estranho deitada num colchão e está com a perna presa por uma algema. Eis que surge Howard (John Goodman de “O Voo”), um homem meio estranho e misterioso que conta o que aconteceu. Eles estão abrigados dentro de um bunker e houve alguma coisa do lado de fora. Ele sabe dizer exatamente o que houve. Pode ter sido um ataque nuclear, alguma coisa alienígena, não importante, o que interessa é que eles terão que ficar lá por pelo menos 2 anos.

Além deles dois, temos também Emmet (John Gallagher, Jr.) que aparentemente está lá por vontade própria. Por saber da existência do abrigo quando o “ataque” acontece ele correu para se abrigar por lá. Quem assistiu ao filme ‘Cloverfield’ sabe que realmente houve uma invasão alienígena, mas os personagens não sabem. Então aí fica o clima de mistério e tensão entre eles. E Michelle fica sem saber exatamente quem está falando a verdade. Por que Howard teria levado ela para lá? Quais as suas motivações? E a paranoia dele é visível já que ele aparentemente dedicou sua vida a construção do local.

O roteiro de Josh Campbell, Matt Stuecken e Damien Chazelle (que escreveu e dirigiu “Whiplash”) é muito bom em ir criando o clima de tensão e mistério enquanto vai apresentando e desenvolvendo os personagens, além de ir mostrando o funcionamento e dinâmica do local onde a história se passa. A história tem uns pequenos problemas, mas nada chega a comprometer. Apesar da situação em si não ser muito original em filmes de terror e suspense, o roteiro consegue de maneira muito inteligente ir aumentando a tensão em determinados momentos. Para isso funcionar bem a trilha sonora de Bear McCreary é fundamental e consegue muito bem representar a urgência da situação na tela.
O elenco é muito bom e tanto Winstead quanto Goodman merecem bastante elogio. A maneira como eles constroem seus respectivos personagens é impressionante e como conseguem mostrar com pequenas nuances e detalhes no olhar e expressão o que está se passando com eles já que aqui a parte física é bem importante. É interessante notar como o personagem Howard sempre passa a impressão dúbia e sempre fica difícil saber suas reais intenções. A química entre os 2 também é muito boa.

A parte final destoa um pouco do clima como um todo do filme e soa um pouco exagerado e fora do contexto. Mas funciona como um ótimo elo com a história do universo de “Cloverfield” sendo uma surpresa para os personagens da história, mas não para o espectador que já tinha sabia que realmente tinha algo errado. O diretor Dan Trachtenberg mostra bastante talento e consegue construir um filme muito bom em conseguir criar um clima de tensão e mistério com uma boa história e uma ótima parte técnica.

Título Original: 10 Cloverfield Lane (EUA, 2016)
Com: Mary Elizabeth Winstead, John Gallagher Jr. e John Goodman
Direção: Dan Trachtenberg
Roteiro: Josh Campbell
Duração: 103 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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