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segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Planeta dos Macacos: A Guerra (War for the Planet of the Apes)

É impressionante notar em “Planeta dos Macacos: A Guerra” o avanço dos efeitos visuais em torno da captura de movimentos. As expressões faciais de Cesar, interpretado por Andy Serkis, são fantásticas. O personagem digital é mais "humano" do que muitos atores de carne e osso. E isso foi essencial para que a história tivesse um bom desfecho, nesse último capítulo da jornada do nosso protagonista.

O roteiro de Matt Reeves e Mark Bomback faz ótimas analogias ao nosso mundo atual, como por exemplo ao mostrar a construção de um muro para proteção (alguém aí pensou em Trump?). E apresenta muitos simbolismos interessantes, como transformar os macacos em escravos fazendo alusão a escravidão dos negros - já que os humanos, assim como os homens brancos, se achavam superiores -, capítulo triste da história da humanidade. O longa só peca um pouco no tempo da jornada de Cesar em busca do vilão que deixa o filme um pouco longo e cansativo.

O 3D inútil piora ainda mais a situação. Infelizmente o uso da tecnologia atrapalha bastante a experiência de assistir o filme, então se tiver a opção de assistir em 2D prefira, porque o recurso atrapalha bastante a ótima fotografia de Michael Seresin. A fotografia explora muito bem os cenários alternando entre algo que lembra mais um filme de guerra com um ambiente hostil, principalmente do ponto de vista dos humanos, com algo mais harmônico quando apresenta a natureza do ponto de vista dos macacos.

Uma boa surpresa do filme é o vilão interpretado por Woody Harrelson que mesmo com pouco tempo em tela faz um trabalho fantástico. Ele mantém o mistério em torno do personagem sempre aparecendo de óculos escuros ou nas sombras, deixando-o ainda mais ameaçador. E ele lembra muito o coronel Kurtz, interpretado por Marlon Brando em "Apocalypse Now". Com certeza a semelhança não foi pura coincidência. O Coronel de Harrelson não se apresenta como uma figura que pode ser resumida apenas como um mero antagonista malvado. Seu lado humano não é deixado de lado e as cenas entre ele e Cesar são os pontos altos do longa.
Mas é impossível falar das atuações do filme sem destacar com muita ênfase o trabalho de Andy Serkis. O ator mais uma vez entrega uma performance memorável e os efeitos visuais da captura de movimentos impressionam a ponto de na maior parte do tempo nos esquecermos que estamos diante de um personagem digital. O close nos olhos do protagonista é incrível pela perfeição em torno das expressões faciais. O carisma de Cesar é muito alto e não tem como não criar empatia com o seu drama. Ele enfrenta o dilema entre o lado animal e emocional em busca de vingança ao mesmo tempo em que tem que ser o líder do seu grupo, mostrando um lado mais “humano” e racional. Esse conflito chega ao clímax na última parte da trilogia.

Além de mostrar esse lado dramático muito forte, o longa de Matt Reeves apresenta cenas de ação e aventura muito eficientes. E surpreende por não ser exatamente a guerra que se promete no título do filme. Temos também espaço para um pouco de alívio cômico através do personagem Macaco Mau, interpretado por Steve Zahn, apesar de em alguns momentos parecer meio fora de contexto.

Mesmo com um final um pouco "brega" que não consegue emocionar tanto quanto pretendia, o filme encerra muito bem a trilogia mantendo a alta qualidade dos filmes anteriores. “Planeta dos Macacos: A Guerra” apresenta um desfecho bem interessante para a jornada de Cesar, encerrando de maneira satisfatória o seu dilema entre o lado humano e o macaco.

Título Original: War for the Planet of the Apes (EUA, 2017)
Com: Andy Serkis, Woody Harrelson, Karin Konoval, Steve Zahn, Amiah Miller, Terry Notary, Michael Adamthwaite, Toby Kebbell, Gabriel Chavarria, Judy Greer, Ty Olsson, Sara Canning, Devyn Dalton e Aleks Paunovic
Direção: Matt Reeves
Roteiro: Matt Reeves e Mark Bomback
Duração: 140 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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