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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Viva: A Vida é uma Festa (Coco)

A morte. Esse foi o tema espinhoso que a Pixar decidiu investir em sua mais nova animação. Em “Viva: a vida é uma festa” a história se passa durante o Dia dos Mortos, uma tradicional festa mexicana. Em tempos de Donald Trump e xenofobia hispânica, é bom assistir a um longa metragem que aborde a cultura mexicana de forma positiva.

Miguel (Anthony Gonzalez) é o personagem principal. Um garotinho de 12 anos que sonha em ser músico, porém a família, cuja tradição é fabricar sapatos, o proíbe de participar de qualquer manifestação musical em razão de um grande trauma do passado. Mas Miguel tem a oportunidade de se apresentar na praça principal da cidade, em um concurso de talentos, e finalmente, seguir os passos de seu ídolo, o cantor e ator Ernesto de la Cruz (Benjamin Bratt). E agora, o que é mais importante? Seguir as tradições familiares ou ir em busca dos próprios sonhos?

O garoto decide se apresentar e, na tentativa de pegar o violão de Ernesto no túmulo do artista, Miguel é transportado para o outro lado. Trocadilhos a parte, é aí que o filme ganha vida. No mundo dos mortos, ele encontra entes queridos já falecidos e precisa ir em busca da benção musical de seu ídolo, Ernesto. O jovem vai contar com a ajuda de Héctor Rivera (Gael García Bernal), um esqueleto divertido que se propõe a ajudar o menino para que possa ir ao mundo dos vivos visitar entes queridos.

Por se tratar de uma animação para todas as idades, o filme não fica apenas no “drama”. Há apresentações musicais muito boas compostas por Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez – dupla responsável pelas músicas de “Frozen - Uma Aventura Congelante” -, que misturam inglês e espanhol de forma divertida. E, claro, há também cenas de aventura para dar um ritmo dinâmico ao desenvolvimento da narrativa.

O Mundo dos Mortos fascina pelo seu visual cheio de cores vibrantes, além do clima de alegria. É interessante ver essa abordagem mais descontraída - que já foi feita em outros desenhos como “A Noiva Cadáver”. A riqueza de detalhes impressiona e aos poucos o espectador entende o funcionamento das coisas no lugar.
A caracterização dos personagens é muito boa, principalmente a dos esqueletos. Eles têm o visual tradicional das pinturas das caveiras mexicanas, além de detalhes como o tamanho dos crânios. Já entre os humanos o destaque fica com o protagonista, Miguel. A covinha na bochecha do personagem chama atenção e ajuda a enriquecer as expressões faciais do menino.

O elenco de vozes também ajuda bastante na caracterização mexicana, já que os atores são, a maioria, latinos. Gael García Bernal rouba a cena com o jeito hilário da caveira Héctor Rivera. Aliás, o ator também dubla o personagem na versão em espanhol da animação.

O mais interessante da animação é a forma como ela aborda a tradição do Dia dos Mortos, onde o segredo para a “vida eterna” envolve as memórias pessoais. Para alguém se eternizar basta ser lembrado com amor pelos seus entes e amigos queridos.

A Pixar acerta novamente em “Viva: A Vida é uma Festa” ao criar uma história incrível e emocionante inspirada no Dia dos Mortos, tradição cultural mexicana. A animação lida com um tema áspero - a morte - de forma leve e inteligente. O filme tem um visual fascinante, ótimas canções e personagens carismáticos. Impossível chegar ao final do filme sem se emocionar.

* Texto revisado por Elaine Andrade

Classificação:

Título Original: Coco (EUA, 2017)
Com: Anthony Gonzalez, Gael García Bernal, Benjamin Bratt, Alanna Ubach, Renée Victor, Edward James Olmos e Ana Ofelia Murguía (vozes em inglês); Arthur Salerno, Leandro Luna,Nando Pradho, Adriana Quadros, Marilza Batista e Maria do Carmo Soares (vozes em português)
Direção: Lee Unkrich
Roteiro: Adrian Molina e Matthew Aldrich
Duração: 109 minutos


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