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domingo, 16 de junho de 2019

Se a Rua Beale Falasse

Se a Rua Beale Falasse” poderia ser uma simples história de amor se não fosse por um pequeno detalhe: o casal de protagonistas é negro. Inspirado no livro de James Baldwin o filme do diretor Barry Jenkins fala sobre como é possível sobreviver ao ódio racial através de um grande romance.

A história se passa nos anos 1970 e, apesar de ser uma obra de ficção, apresenta algumas imagens reais durante a narrativa para ilustrar a época, deixando claro que a trama poderia ter ocorrido (ou realmente ocorreu) com muitas pessoas negras. O casal de protagonistas Clementine "Tish" (KiKi Layne) e Alonzo "Fonny" (Stephan James) estão no início de uma vida juntos, contudo o homem é acusado de ter estuprado uma moça e é preso. Além disso, Tish está grávida e enquanto lida com isso tem que “enfrentar” a mãe do rapaz, além de arrumar ajuda legal para seu companheiro.

A estrutura narrativa através de idas e vindas, utilizando flashbacks, faz com que o impacto da história seja maior, além de aumentar o tom agridoce da trama. “Se a Rua Beale Falasse” é um filme tecnicamente muito bom e um dos destaques é a forma como utiliza as cores para simbolizar o sentimento dos personagens. Um bom exemplo disso é a cena na qual Tish reúne a sua família em casa e todos estão de verde, menos a mãe que está de azul. Assim a obra já sinaliza a importância da personagem. Ou de como usa o vermelho para simbolizar a paixão dos protagonistas.
O elenco também está maravilhoso e é até difícil apontar os destaques. Sem dúvidas um deles é a presença de Regina King, como a mãe de Tish, que rouba a cena durante o 3º ato do filme com uma atuação fantástica e sem dúvidas é responsável por um dos grandes momentos da história.

Em um determinado momento o personagem de Brian Tyree Henry, que interpreta um amigo de Fonny que acabou de sair da prisão, conversa com seu amigo e diz: “o homem branco é o demônio”. O impacto dessa afirmação é clara no contexto da história e de quanto o filme aborda a influência do racismo na vida dos personagens.

Barry Jenkins entrega em “Se a Rua Beale Falasse” mais um filme importante sobre o impacto da questão racial negra. É uma pena que em pleno 2019 ainda seja necessário ressaltar o problema do racismo, mas o cineasta faz questão de colocar o dedo na ferida. Sua obra cinematográfica é necessária e Jenkins mostra mais uma vez seu talento como cineasta após o premiado Moonlight.

Classificação:

Título Original: If Beale Street Could Talk (EUA, 2018)
Com: KiKi Layne, Stephan James, Colman Domingo, Teyonah Parris, Michael Beach, Dave Franco, Diego Luna, Pedro Pascal, Ed Skrein, Brian Tyree Henry e Regina King
Direção: Barry Jenkins
Roteiro: Barry Jenkins
Duração: 117 minutos

Um comentário:

Clara disse...

Este filme já estava na minha lista por ter sido indicado ao Oscar. A sua resenha só fez ratificar que ele deve ser visto!