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quarta-feira, 8 de março de 2006

O assassinato de Richard Nixon

Enquanto estava fazendo a pesquisa para o roteiro do filme “O assassinato de Richard Nixon”, o diretor e também roteirista Niels Mueller acabou encontrando uma história parecida com o seu argumento inicial. Ele então resolveu usá-la como base para seu roteiro, escrito junto com outro roteirista chamado Kevin Kennedy. O roteiro é bastante bem cuidado e inclusive são usados videos da tv da época em que a história se passa.

O filme se passa em 1974 na época em que estourou o escândalo de Watergate, que acabou com o presidente dos EUA Richard Nixon renunciando ao cargo. Sam Bickie (Sean Penn) trabalha como vendedor de uma loja de móveis. Ele odeia seu emprego pois tem que mentir, e isso o incomoda bastante. Ele tem em mente o sonho americano, montar o seu próprio negocio junto com seu amigo negro Bonny (Don Cheadle), assim ele vai poder conseguir dinheiro e respeito novamente e quem sabe assim recuperar sua mulher (Naomi Watts) e filhos. Seu chefe Jack Jones (Jack Thompson) tenta ensiná-lo a ser um bom vendedor, dando livros e fitas para estudar. Richard Nixon é citado como o maior exemplo de um vendedor bem sucedido. Com passar do tempo, a vida de Sam começa a desmoronar novamente, e o motivo para isso parece ser bem claro, Nixon. Assassinar o presidente é a solução encontrada por ele, mas até lá, ele vai passar por muita coisa.

A atuação de Sean Penn é realmente muito boa! O filme nem precisava ser bom, somente sua performance já seria suficiente para o filme valer a pena ser conferido. Cada vez que o Sam vai se afundando, é possível ver claramente a transformação vivida pelo personagem na pele de Pean. O resto do elenco também está muito bem, com exceção de Naomi que parece meio apagada (mas isso não quer dizer uma atuação ruim), principalmente ao lado de Penn.

Outra coisa interessante é como o filme tem uma aparência para parecer que foi feito na época em que a história se passa. Isso pode ser percebido pelo ritmo, algumas tomadas lentas, lembrando bastante alguns filmes desse período como “Taxi Driver” de Martin Scorcese (inclusive até as histórias tem temáticas parecidas). Uma decisão bastante acertada, ao invés de tentar fazer uma coisa mais “contemporânea”.

O mais impressionante da história do filme são as conhecidências com a atualidade. A primeira vem pelo fato da idéia de Sam para assassinar o presidente que era sequestrar um avião e jogá-lo contra a Casa Branca (alguém aí pensou no 11 de Setembro). A outra é que pode ser feito um paralelo entre as “mentiras” do governo Nixon em relação a guerra do Vietnã, com as atuais do presidente Bush e sua guerra contra o “terror”. Um prato cheio para Sean Pean, um artista politizado que já chegou até a escrever reportagens sobre o Irã e o Iraque para o jornal “San Francisco Chronicle”.

Todo o ódio de Sam em relação aos males da capitalismo e o excesso do sistema não parecem ser piegas ou caricatos, mas claro que isso não justifica as atitudes tomadas pelo personagem. Agora o filme mostra muito bem como esses fatos podem levar um homem ao seu pior nível.

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