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terça-feira, 14 de abril de 2015

O Sal da Terra

Título Original: The Salt of the Earth (2014, França, Brasil)
Direção: Wim Wenders e Juliano Ribeiro Salgado
Roteiro: Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado, David Rosier e Camille Delafon
Duração: 110 minutos

Nota: 5 (excelente)

Confesso que conhecia muito superficialmente o trabalho do fotografo brasileiro Sebastião Salgado. Lembrava vagamente das fotos de Serra Pelada, que inclusive influenciaram o clipe de “Bullet with Butterfly Wings” do Smashing Pumpkins (minha banda favorita). O documentário “O Sal da Terra” foi uma grande surpresa e uma ótima oportunidade de conhecer melhor o seu trabalho e um pouco sobre sua vida.


A direção foi dividida entre Juliano Ribeiro Salgado, filho de Sebastião, e Wim Wenders. Essa divisão ficou interessante por nos dar a oportunidade de ter 2 pontos de vista sobre o trabalho do fotografo. O filho mostra como o pai ficava muito tempo ausente durante as viagens para trabalhar e aqui ele teve a oportunidade de explorar o trabalho do pai e também participar de uma viagem. Já Wenders mostra mais um lado de fã, contando como e quando descobriu o trabalho de Salgado, além de dar a sua visão sobre a obra.

O mais interessante mesmo é ver as fotos de Salgado e ter a oportunidade do próprio comentar sobre elas. Isso da um tom bem intimista ao filme, algo como se estivéssemos em sua casa e ele separasse umas fotos e contasse a história por trás dela. Esses trechos são sem dúvidas as melhores partes do documentário.

O trabalho de Salgado mostra bastante miséria e condições adversas em que as pessoas vivem. Além do ensaio sobre a Serra Pelada, o que mais marcou foram as fotos em países da África como a Etiópia. São histórias muito tristes do quanto o ser humano é tratado com descaso em situações absurdas. Como o próprio Sebastião comenta é algo que te faz perder a fé na humanidade.

Felizmente seu trabalho não mostra apenas miséria, temos também fotos mostrando povos indígenas, animais, natureza selvagem e coisas do tipo. Suas fotos são mais lembradas pelo lado social de mostrar a realidade da miséria do ser humano, mas ele tem também esse lado de fotos de aventuras.
O documentário foca mais nas fotografias, mas também iremos conhecer um pouco sobre sua vida. Seu terra natal, suas posições políticas, seu exílio, família, entre outros fatos. Uma das coisas que chama a atenção é o fato dele ter largado a carreira promissora de economista para começar do zero como fotografo. Talvez nessa parte sobra a vida pessoal acabe ficando faltando algumas coisas, mas acredito que o trabalho dele é mais importante e o filme consegue contextualizar bem sua vida e como isso influenciou no seu trabalho.

No final do filme fica a sensação do quão incrível foi a vida de Sebastião e ficar imaginando as situações mais surreais que ele vivenciou. Uma excelente oportunidade de conhecer o seu incrível trabalho como fotografo.

Um comentário:

Cristiane disse...

Ramon,

Esse cara tem uma história de vida fantástica realmente, um belo trabalho fotográfico e além disso ainda dá uma lição de vida nesse filme. O instituto terra é uma grande obra desse artista, além de ser um filme sobre o seu trabalho e a sua coragem (cabra corajoso danado, não seria capaz de enfrentar metade por uma foto rs), esse filme também é uma declaração de amor do filho a esse pai, um pai que foi ausente e que ele não tinha tanta proximidade e que com essa obra acabou em cada cena demonstrando seu amor a esse pai e artista. Saí aos prantos do filme.

:)