propaganda

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Que Horas Ela Volta?

Título Original: Que Horas Ela Volta? (Brasil, 2015)
Com: Regina Casé, Camila Márdila, Karine Teles, Lourenço Mutarelli, Michel Joelsas, Helena Albergaria, Theo Werneck e Luci Pereira
Direção e Roteiro: Anna Muylaert
Duração: 112 minutos

Nota: 5 (excelente)

O filme “Que Horas Ela Volta?” foi o escolhido pelo Brasil para tentar uma vaga de indicado a Melhor Filme Estrangeiro na próxima edição do Oscar. Mas não importa se ele vai conseguir ou não, o filme em si já tem muita importância em sua própria existência ao retratar de maneira brilhante as transformações passadas pelo Brasil nos últimos anos. E ainda para mostrar aqueles que duvidam da qualidade do cinema brasileiro que infelizmente apenas os “blockbuster” nacionais conseguem chamar a atenção e geralmente são produtos com cara ou derivados da televisão. Os bons filmes acabam passando sem grande alarde. Esse pelo menos conseguiu sincronizar o lançamento comercial com a indicação para tentar a vaga no Oscar o que junto com o boca a boca está ajudando bastante na divulgação.


Temos aqui um estudo de personagem. Val, interpretada de maneira brilhante por Regina Casé, é uma empregada doméstica de uma família de classe alta de São Paulo. Ela é daquelas que dorme no serviço e é praticamente a segunda mãe (inclusive esse é o título do filme em inglês: ‘The Second Mother’) do filho da patroa. Ou seja, ela é praticamente da família. Val deixou o nordeste em busca de um futuro melhor e teve que deixar para trás a sua própria filha para garantir o futuro dela. Uma realidade que era bastante comum anos atrás, mas que ainda existe até hoje. Um pouco da herança da escravidão que ainda é realidade até hoje.

A situação muda quando Val recebe a notícia que sua filha Jéssica (Camila Márdila) está vindo para São Paulo para fazer vestibular e irá ficar com ela. Começa então o choque de realidades. A filha não foi criada para “respeitar” a hierarquia entre patrões e empregadas domésticas. E o objetivo do filme é justamente esse, mostrar o quão sem noção e absurda é essa relação que é vista de maneira tão normal para muitos de nós. Esse é o grande trunfo do filme, mostrar como a situação do país mudou ao mostrar esse conflito de gerações. E o roteiro da inúmeros exemplos disso. Mas melhor nem citá-los para não estragar as “surpresas” do filme.

A história é extremamente eficaz em mostrar todo esse desconforto dessa relação entre patrões e empregados, ou seja, a tal luta de classes que ainda existe até hoje. Por isso a importância do filme da diretora Anna Muylaert ao chamar a atenção para essa situação e mostrar o quanto a situação mudou e melhorou. Um verdadeiro “tapa na cara da sociedade”.

Além do roteiro incrível escrito pela própria Anna Muylaert, o elenco também merece muitos elogios a começar pela protagonista Regina Casé. Ela volta a mostrar que é uma ótima atriz, lembrando atuações de filmes como “Eu, tu, eles”. Ela consegue dar a vida a personagem de maneira brilhante e verossímil. Destaque também para a jovem Camila Márdila que também surpreende.
Então pode ser que o filme “Que Horas Ela Volta?” não entre para a história do cinema brasileiro como o 1º a ganhar um Oscar, mas sem dúvidas já tem seu lugar garantido por ter conseguido de maneira excelente captar e retratar um momento importante de mudança na sociedade. E também para mostrar que sim, o cinema brasileiro tem bastante qualidade. Se conseguir mais do que isso será mais do que merecido.

Um comentário:

Tucha disse...

Olha gostei do filme, tem este novo olhar sobre as relações de classe no país, através dessa especial entre patrões e empregadas domésticas. Mas (tenho sempre um mais) tem pontos do roteiro um tanto "estranhos" ou pouco claros.