Título Original: Que Horas Ela Volta? (Brasil, 2015)
Com: Regina Casé, Camila Márdila, Karine Teles, Lourenço Mutarelli, Michel Joelsas, Helena Albergaria, Theo Werneck e Luci Pereira
Direção e Roteiro: Anna Muylaert
Duração: 112 minutos
Nota: 5 (excelente)
O filme “Que Horas Ela Volta?” foi o escolhido pelo Brasil para tentar uma vaga de indicado a Melhor Filme Estrangeiro na próxima edição do Oscar. Mas não importa se ele vai conseguir ou não, o filme em si já tem muita importância em sua própria existência ao retratar de maneira brilhante as transformações passadas pelo Brasil nos últimos anos. E ainda para mostrar aqueles que duvidam da qualidade do cinema brasileiro que infelizmente apenas os “blockbuster” nacionais conseguem chamar a atenção e geralmente são produtos com cara ou derivados da televisão. Os bons filmes acabam passando sem grande alarde. Esse pelo menos conseguiu sincronizar o lançamento comercial com a indicação para tentar a vaga no Oscar o que junto com o boca a boca está ajudando bastante na divulgação.
Temos aqui um estudo de personagem. Val, interpretada de maneira brilhante por Regina Casé, é uma empregada doméstica de uma família de classe alta de São Paulo. Ela é daquelas que dorme no serviço e é praticamente a segunda mãe (inclusive esse é o título do filme em inglês: ‘The Second Mother’) do filho da patroa. Ou seja, ela é praticamente da família. Val deixou o nordeste em busca de um futuro melhor e teve que deixar para trás a sua própria filha para garantir o futuro dela. Uma realidade que era bastante comum anos atrás, mas que ainda existe até hoje. Um pouco da herança da escravidão que ainda é realidade até hoje.
A situação muda quando Val recebe a notícia que sua filha Jéssica (Camila Márdila) está vindo para São Paulo para fazer vestibular e irá ficar com ela. Começa então o choque de realidades. A filha não foi criada para “respeitar” a hierarquia entre patrões e empregadas domésticas. E o objetivo do filme é justamente esse, mostrar o quão sem noção e absurda é essa relação que é vista de maneira tão normal para muitos de nós. Esse é o grande trunfo do filme, mostrar como a situação do país mudou ao mostrar esse conflito de gerações. E o roteiro da inúmeros exemplos disso. Mas melhor nem citá-los para não estragar as “surpresas” do filme.
A história é extremamente eficaz em mostrar todo esse desconforto dessa relação entre patrões e empregados, ou seja, a tal luta de classes que ainda existe até hoje. Por isso a importância do filme da diretora Anna Muylaert ao chamar a atenção para essa situação e mostrar o quanto a situação mudou e melhorou. Um verdadeiro “tapa na cara da sociedade”.
Além do roteiro incrível escrito pela própria Anna Muylaert, o elenco também merece muitos elogios a começar pela protagonista Regina Casé. Ela volta a mostrar que é uma ótima atriz, lembrando atuações de filmes como “Eu, tu, eles”. Ela consegue dar a vida a personagem de maneira brilhante e verossímil. Destaque também para a jovem Camila Márdila que também surpreende.
Então pode ser que o filme “Que Horas Ela Volta?” não entre para a história do cinema brasileiro como o 1º a ganhar um Oscar, mas sem dúvidas já tem seu lugar garantido por ter conseguido de maneira excelente captar e retratar um momento importante de mudança na sociedade. E também para mostrar que sim, o cinema brasileiro tem bastante qualidade. Se conseguir mais do que isso será mais do que merecido.
Olha gostei do filme, tem este novo olhar sobre as relações de classe no país, através dessa especial entre patrões e empregadas domésticas. Mas (tenho sempre um mais) tem pontos do roteiro um tanto "estranhos" ou pouco claros.
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