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sábado, 29 de dezembro de 2018

Aquaman

Aquaman, dirigido por James Wan, é o filme mais ambicioso da DC desde que a Warner resolveu criar seu próprio universo compartilhado de super-heróis. O diretor conseguiu escapar das “armadilhas” criadas por Zack Snyder ao criar uma história solo do personagem, onde não é necessário criar uma conexão dentro desse mundo. Dessa forma o cineasta pode mostrar todo o seu talento técnico, mostrou algumas cores e criou uma história que não tem um tom muito pesado e sério.

Talvez o Aquaman interpretado por Jason Momoa seja um pouco “zoeiro” demais e isso atrapalha em conseguir enxergá-lo como um herói. Por outro lado, justamente essa resistência em assumir esse “heroísmo” e um pinta de “bad boy” que transformam o personagem em algo interessante e diferente do que vimos nos outros filmes da DC. A exceção fica por conta da Mulher Maravilha, que com sua ingenuidade consegue se apresentar como uma heroína no sentido mais clássico. Mas só em ver Aquaman se importando com os inocentes que podem se machucar durante o conflito dele com um vilão, já o transformam em uma pessoa melhor que O Homem de Aço.

O roteiro peca em abusar dos diálogos expositivos e frases de efeito, além de forçar a emoção em determinados momentos, mas conseguindo apenas parecer brega. Isso ainda é amplificado por uma “tara” pelo sol (seja o nascer ou o pôr-do-sol) feito com efeitos especiais constrangedores. Afinal de contas se você já gastou milhões de dólares com o orçamento, não seria nada de mais filmar isso de verdade.
No entanto, o roteiro apresenta uma narrativa eficiente e apresenta bem seus personagens. O grande destaque fica pelas mulheres. A começar pela Atlanna de Nicole Kidman que mesmo com pouco tempo em tela transforma seu papel em algo marcante. Mas sem dúvidas a grande surpresa é Mera de Amber Heard, que em muitos momentos consegue roubar o protagonismo do Aquaman, além de fugir do estereótipo de “mocinha indefesa”, sendo na verdade uma mulher forte e decidida, que é essencial na jornada do protagonista.

A trama gira em torno da cidade de Atlântida onde o rei Orm (Patrick Wilson) quer reunir todos os povos do fundo do mar para lutar contra o povo da superfície. O único que pode impedir é Arthur/Aquaman, seu meio irmão, mas ele precisa recuperar um lendário tridente para conseguir a confiança da população aquática, já que ele é um mestiço.

O clima de aventura de Aquaman é interessante ao levar a história para diversos cenários diferentes, criando uma trama exótica e divertida. O que mais impressiona, é claro, é o visual de Atlântida com suas cores fascinantes. Esse “choque colorido” já ressalta aos olhos do espectador acostumado com o clima cinzento e escuro dos outros filmes da DC.

É justamente na parte técnica que Aquaman mostra o seu diferencial. A começar pelas cenas de ação que são muito bem realizadas. A câmera de James Wan sabe muito bem como apresentar o que é visto na tela, com movimentos excelentes e ângulos bem interessantes. A parte na qual Arthur e Mera lutam contra inimigos em uma cidade da Itália impressiona pelo primor técnico, principalmente na forma como alterna o ponto de vista dos personagens, que se separam durante o momento, é sensacional. Mas sem dúvidas a hora em que os protagonistas enfrentam criaturas em um barco utilizando sinalizadores é que o cineasta mostra todo o seu conhecimento de cinema entregando uma cena visualmente linda e impressionante.
Outro destaque é a trilha sonora de Rupert Gregson-Williams, apesar dela ser um pouco irregular. Em alguns momentos o músico apresenta temas com influências meio new age, com uma pegada de sintetizadores anos 80, que funcionam muito bem com o clima de filme, com tons mais épicos e tradicionais. A mistura tem êxito na maior parte do tempo, mas quando segue o caminho mais tradicionalista puro ela soa um pouco “brega”.

Em resumo, Aquaman é um grande acerto da Warner em relação a seu universo inspirado nos personagens da DC. Sem dúvidas é o melhor filme na parte técnica, mostrando toda a ambição e competência do diretor James Wan. Mesmo com um roteiro com alguns problemas, a narrativa funciona e transforma o longa em uma experiência divertida e principalmente muito bonita de ser acompanhada visualmente.

Classificação:

Título Original: Aquaman (Estados Unidos, 2018)
Com: Jason Momoa, Amber Heard, Willem Dafoe, Patrick Wilson, Dolph Lundgren
Yahya Abdul-Mateen II e Nicole Kidman
Direção: James Wan
Roteiro: David Leslie Johnson-McGoldrick e Will Beall, história de Geoff Johns, James Wan e Will Beall
Duração: 143 minutos

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