“O Bom Dinossauro” é sem dúvidas a animação da Pixar com mais cara da Disney. Não que isso seja uma coisa ruim, mas mostra um pouco a influência entre os estúdios após a casa do Mickey ter adquirido a empresa fundada por Steve Jobs. O que chama mais a atenção da história é a inversão de valores. Aqui os animais, mais especificamente os dinossauros, tem comportamento de humanos. Enquanto os homens são mostrados como selvagens. Talvez essa não seja uma ideia muito original já que o seriado “Família Dinossauro” mostrou um pouco dessa situação. Mas aqui a abordagem é diferente.
O que aconteceria se o meteoro não tivesse caído na Terra e os dinossauros não tivessem sido extintos? Essa é a premissa inicial da animação. Iremos conhecer Arlo, o mais novo dos 3 filhos de Henry. Ele é diferente dos seus irmãos por ser menor e mais frágil que os irmãos. Isso faz com que ele tenha dificuldade para fazer algumas das tarefas da família que tem uma fazenda para produzir alimentos para consumo próprio. Essa fragilidade faz com que ele tenha medo de muitas coisas. Só que ele vai passar por uma situação extrema e terá que lidar com seus medos. Ao sair junto com o pai na caça do jovem humano Spot, que estava roubando os alimentos, Henry acaba morrendo (olha aí a Pixar usando um protagonista órfão que nem a Disney) e Arlo fica perdido. Então além de lidar com a perda familiar, ainda terá que achar um jeito de voltar para casa. Ele acaba recebendo ajuda de Spot e surge uma inesperada amizade entre os dois.
A relação entre Arlo e Spot é o ponto alto da história. O pequeno humano irá ajudar o jovem dinossauro a lidar com seus medos e aprender a sobreviver. É uma mistura de relação de amizade com algo como se um fosse o animal de estimação do outro. É curioso ver o homem sendo o bicho, enquanto o animal tenta dar alguma humanidade ao seu lado selvagem. Em contrapartida o dinossauro ganha um apoio em lidar com seus medos e dos diversos obstáculos que eles irão enfrentar juntos para encontrar o caminho de casa de Arlo em uma jornada de autoconhecimento.
Os personagens em geral tem um visual pouco realista apesar dos cenários serem extremamente bem feitos ao ponto de muitas vezes parecerem imagens reais. Eles sãos mais caricatos e bonitinhos para agradar as crianças. Os protagonistas são carismáticos e tem muita química juntos. Já os secundários deixam um pouco a desejar, principalmente os vilões que soam bem sem graça e sem muito carisma, além de não se mostrarem muito “ameaçadores”. Talvez a exceção seja o grupo de tiranossauros cowboys que inclusive rende uma das melhores cenas da animação ao mostrar eles “cavalgando” levando uma manada de búfalos fazendo uma referência visual clara a filmes de faroeste.
O roteiro de Meg LeFauve talvez peque um pouco na parte final ao apresentar uma lição de moral com ensinamentos de como lidar com seus próprios medos que poderia ser um pouco mais sutil. Com certeza dessa forma funcionaria muito melhor. Ao usar utilizar recursos de simbologia como, por exemplo, mostrar o fantasma do pai de Arlo incentivando a mudança de comportamento do seu filho, acaba prejudicando a história principalmente para os mais novos que podem não entender direito a mensagem.
Além disso, a direção de Peter Sohn exagera um pouco, principalmente na parte final, no lado emotivo ao tentar forçar um pouco a barra usando a trilha sonora de Mychael Danna e Jeff Danna como recurso para fazer o público chorar. Um pouco mais de sutileza seria o mais adequado. Ou quem sabe confiar mais na história e em seus personagens para conseguir emocionar de maneira mais genuína. Ainda assim o resultado é muito bom, mas no final das contas lembra mais uma animação feita pela Disney do que a genialidade e criatividade marcantes das produções da Pixar. Não que isso seja algo ruim, só não era o esperado.
Título Original: The Good Dinosaur (EUA, 2015)
Com as vozes originais de: Raymond Ochoa, Jack Bright, Jeffrey Wright, Frances McDormand, Steve Zahn, Sam Elliott, Anna Paquin e A. J. Buckley
Com as vozes em português de: Pedro Henrique, Anderson Coutinho, Marli Bortoletto, Hermes Baroli, Antônio Moreno, Shallana Costa e Silas Borges
Direção: Peter Sohn
Roteiro: Meg LeFauve com história de Peter Sohn, Erick Benson, Meg LeFauve, Kelsey Mann e Bob Peterson
Duração: 100 minutos
Nota: 4 (ótimo)
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