A franquia Star Trek foi ressuscitada nos cinemas por J. J. Abrams, que comandou os dois filmes anteriores. Só que ele foi assumir outra franquia espacial famosa, uma tal de Star Wars (risos). Em “Star Trek: Sem Fronteiras” quem assume a direção é Justin Lin, que tem no currículo filmes de outra franquia: Velozes e Furiosos. O principal receio dele no comando era que virasse um grande filme de ação. Ainda assim, ele arrumou espaço para fazer uma perseguição de naves espaciais dentro da cidade. Algo bem parecido com uma perseguição de carros (risos). E sua direção nas cenas de ação também ficou bem confusa, mas irei falar mais sobre isso durante o texto.
Para compensar a saída de Abrams, o roteiro ficou por conta de Simon Pegg, que é nerd de carteirinha de Star Trek, junto com Doug Jung. Pegg também está no elenco principal como Scotty. Curiosamente seu personagem até ganhou um pouco mais de espaço e importância nesse novo filme (risos). Ele conseguiu criar uma boa trama que respeita bastante a franquia e também presta algumas boas homenagens. E também foi bem sucedido em criar uma boa dinâmica entre os personagens ao separá-los em grupos menores dando espaço, importância e equilíbrio entre eles. Mas é claro que os principais conflitos envolvem Kirk (Chris Pine) e Spock (Zachary Quinto). Ambos começam a história pensando em abandonar suas vidas dentro das aventuras da Enterprise, mas irão perceber durante o filme que talvez não seja bem isso que eles querem.
O problema do roteiro é o vilão Krall (Idris Elba). A forma como ele é apresentado e seu objetivo não é apresentado de maneira muito clara. A coisa fica confusa até a parte final, onde a explicação de sua intenção faz bastante sentido e é interessante. Ainda assim não compensa totalmente a confusão apresentada até então. A tripulação da Enterprise dá de cara com ele numa missão que era para ser inicialmente de resgate. E descobre que tudo fazia parte de seu plano de acabar com a Federação dos Planetas Unidos.
O ótimo elenco e a química entre os atores compensa o problema da apresentação do vilão. A já citada dinâmica criada ao separar os personagens em pequenos grupos ajuda também em que cada um consiga ter seu espaço e mostrar suas boas atuações. Pine e Quinto são os grandes destaques principalmente por serem as figuras centrais da história. Já Idris Elba começa com um pouco de dificuldade graças a maquiagem e o jeito confuso do vilão Krall, mas consegue ao final dar dignidade ao personagem. Pegg também tem ótimos momentos, principalmente quando divide a cena com Sofia Boutella, que interpreta Jaylah (uma personagem nova bem interessante que poderia ter sido melhor explorada no filme). Os dois formam uma ótima dupla.
Agora com certeza o principal problema do filme é a direção de Justin Lin. A começar pelo uso do 3D que é totalmente desnecessário e muito mal utilizado. Em algumas cenas até que a profundidade ajuda a compor melhor o cenário. Mas na maioria das vezes ele utiliza o do rack focus (leia o texto sobre o filme “No Coração do Mar” que tem o mesmo problema) sem necessidade num filme em 3D que só faz causar dor de cabeça e mal estar em quem está assistindo. E nas cenas de ação, que deveriam ser o seu diferencial, ele acaba construindo as cenas de forma confusa sem estabelecer direito a geografia e a lógica da cena. E ele também utiliza muitos planos fechados e closes, que também contribuem para a confusão das cenas de ação e até mesmo para apresentar os personagens novos. Já que dificilmente vemos o vilão de corpo inteiro, por exemplo. Apesar disso, no restante do filme ele não compromete e consegue realizar bem seu papel como diretor. E apesar do 3D os efeitos visuais são muito bem feitos.
Apesar dos problemas, o novo Star Trek consegue manter os principais elementos que fazem a franquia ser tão legal e divertida. Pode não ter sido tão brilhante quando os filmes anteriores, mas consegue manter a qualidade.
Título Original: Star Trek Beyond (EUA, 2016)
Com: Chris Pine, Zachary Quinto, Karl Urban, Zoë Saldaña, John Cho, Simon Pegg, Anton Yelchin, Idris Elba e Sofia Boutella
Direção: Justin Lin
Roteiro: Simon Pegg e Doug Jung
Duração: 122 minutos
Nota: 4 (ótimo)
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