Apesar de fugir da fórmula estabelecida nos filmes da franquia, Rogue One: Uma História Star Wars consegue manter o estilo. O foco é na guerra e resgata espírito original da história que, como o próprio título sugere, é sobre guerra nas estrelas. O roteiro tira do centro a trama sobre Jedis e mira em um grupo de rebeldes, cujo objetivo é roubar os planos da Estrela da Morte.
A história é citada no Episódio IV – Uma Nova Esperança e é incrível como Rogue One funciona de forma brilhante como prequel. A conexão entre os dois filmes ficou excelente, sendo possível terminar de assistir um e começar o outro na sequência. O mais legal foi conseguir dar uma explicação plausível para o fato da Estrela da Morte ter sido construída com um ponto fraco, já que isso sempre foi motivo de piada entre os fãs de Star Wars.
Mesmo deixando para trás os preceitos da franquia, o filme traz uma temática similar ao mostrar a relação entre pais e filhos. A protagonista é Jyn Erso (Felicity Jones), uma jovem que foi separada dos pais ainda menina. O pai, Galen Erso (Mads Mikkelsen), é o cientista responsável por construir a Estrela da Morte. Ao descobrir como a arma seria usada pelo Império, ele foge com a família. Encontrado por Orson Krennic (Ben Mendelsohn) e obrigado a continuar o projeto, Galen consegue esconder Jyn para que esta seja encontrada e criada por Saw Gerrera (Forest Whitaker).
Quinze anos depois encontramos novamente com Jyn Erso. Sozinha, ela não se interessa pelo conflito entre rebeldes e Império. Mas, a jovem é abordada pelo Cassian Andor (Diego Luna), que segue uma pista deixada pelo pai de Jyn e que pode ajudar os rebeldes.
Um grupo é formado. Além de Jyn e Cassian, temos Chirrut Îmwe (Donnie Yen) e Baze Malbus (Wen Jiang), remanescentes dos tempos em que a Força e os Jedi não eram apenas lendas, Bodhi Rook (Riz Ahmed), o desertor do Império em busca de redenção, e o droide K-2SO (Alan Tudyk).
Este último é o melhor personagem do filme e sua sinceridade é responsável pelos momentos mais cômicos. Já a relação de Îmwe com a Força é bem interessante. Aqui vemos alguém lidando com ela em algo bem próximo a uma religião, inclusive com o uso de mantras. Mesmo sendo cego Îmwe é um exímio lutador que conta com a fé na Força e com a ajuda de Malbus. No grupo quem não é muito bem explorado é Rook, com menos tempo na tela. Já a relação entre Jyn e Cassian tenta emular algo parecido com o que houve entre Han Solo e Leia. Mas, inicial falta de empatia entre ambos os personagens e a tentativa de criar uma tensão sexual no final não convence.
Falta um pouco de carisma à Felicity Jones. O arco dramático da personagem é bem desenvolvido ainda que a relação dela com o pai pudesse ter sido melhor explorada. Porém, a atriz não demonstra, em tela, a mesma energia cativante que Daisy Ridley mostrou no Episódio VII. Inclusive algumas cenas de Jones presentes no trailer, como uma em que ela diz “I rebel”, não entraram na versão final do filme.
Para compensar, Cassian Andor faz ótima representação da ambiguidade da Aliança Rebelde. Ainda que estejam combatendo o mal, os rebeldes também têm atitudes questionáveis como o assassinato de um informante. Tudo em busca de um bem maior.
No lado do império, Ben Mendelsohn fez um trabalho competente como Orson Krennic. Ele poderia ser uma figura mais emblemática, mas também poderia cair facilmente na canastrice. O ator conseguiu um bom equilíbrio para o personagem. Entretanto, ele é ofuscado pela figura de Darth Vader que, mesmo com pouco tempo na tela, tem cenas marcantes. Aí entra também o lado emocional do telespectador já que Vader é um personagem icônico.
Na parte técnica é impossível não reclamar do 3D. Talvez tenha sido um dos piores usos da tecnologia em 2016. Ao utilizar o rack focus (ver texto sobre o filme No Coração do Mar) sem necessidade alguma, o espectador sente dor de cabeça em poucos minutos de filme. Os efeitos visuais são muito bons, algo marcante nos filmes da franquia, mas em alguns momentos eles parecem artificiais e tiram um pouco o brilho do filme.
O cuidado com o design de produção fez com que Rogue One tivesse um visual que seguisse a mesma linha dos outros filmes. Dessa forma ele facilmente parece se passar dentro do mesmo universo.
A trilha sonora de Michael Giacchino foi corajosa ao criar temas novos, mas sem deixar de seguir o padrão estabelecido por John Williams em toda a franquia. Mas em alguns momentos era impossível não usar os temas marcantes, como nas aparições de Vader, por exemplo.
O diretor Gareth Edwards conseguiu fazer um filme de guerra, só que nas estrelas. Uma história trágica que envolve sacrifícios de seus personagens. Apesar de colocar alguns fan services e contando com poucos personagens clássicos, sendo todos coadjuvantes, Rogue One foge do clima fácil de nostalgia. Talvez falte um pouco de emoção, mas isso é algo mais pessoal e que depende de cada fã.
O desafio foi vencido e Edwards mostrou que é possível fazer um ótimo filme dentro do universo de Star Wars sem necessariamente seguir a mesma fórmula da franquia. Uma boa oportunidade para os fãs terem um novo ponto de vista com um tom diferente dos outros filmes.
* Texto revisado por Elaine Andrade
* Texto revisado por Elaine Andrade
Título Original: Rogue One: A Star Wars Story (EUA, 2016)
Com: Felicity Jones, Diego Luna, Donnie Yen, Jiang Wen, Riz Ahmed, Ben Mendelsohn, Jimmy Smits, Genevieve O’Reilly, Ben Daniels, Valene Kane, Warwick Davis, Mads Mikkelsen, Forest Whitaker e as vozes de Alan Tudyk e James Earl Jones
Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Chris Weitz e Tony Gilroy
Duração: 133 minutos
Nota: 4 (ótimo)
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