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terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

A Favorita (The Favourite)

A primeira coisa que chama a atenção em “A Favorita”, do diretor grego Yorgos Lanthimos, é o seu primor técnico. A forma como o cineasta filma é interessante, principalmente dentro dos palácios, já que estamos diante de uma história de época – mais precisamente na Inglaterra do século 18.

A fotografia chama a atenção pelo uso de lentes grande-angular, que distorcem um pouco a imagem, mas em compensação dão uma dimensão maior da altura do teto. Além disso, em muitos momentos acompanhamos os personagens se deslocando por dentro do lugar e da quantidade de tempo gasto com isso. Dessa forma, ele passa para o espectador um pouco da “imensidão” do local e de como as pessoas parecem pequenas dentro deles.

Esse aspecto visual retrata um pouco do simbolismo da narrativa, que gira em torno de um jogo de poder e amor entre 3 mulheres, mas também de como homens se aproveitam da situação do ponto de vista político.

As 3 principais personagens de A Favorita são: a rainha Anne (Olivia Colman) – que governou a Inglaterra do século XVIII por 12 anos, Sarah Churchill (Rachel Weisz), a duquesa de Marlborough, e Abigail Masham (Emma Stone), a baronesa Masham. A monarca precisa de cuidados especiais de saúde, então Sarah é a principal responsável por isso e a mulher se aproveita da situação para influenciar, ou melhor, exercer o comando político em nome da rainha. Abigail aparece na residência real em busca da ajuda da prima Churchill, que a coloca para ajudar a cuidar de Anne. O que a duquesa não esperava era que a baronesa iria se aproveitar para conquistar o afeto da realeza. Abigail enxerga na situação uma forma de dar um jeito na sua vida, já que nessa época as mulheres tinham poucas opções além de arrumar um homem para se casar.

Outro personagem importante na narrativa é Robert Harley (Nicholas Hoult), um político e nobre que se aproveita da situação entre as 3 mulheres para impor seu poder como homem e arrumar uma forma de ganhar influência nas decisões políticas da rainha. Sua relação com Sarah não é muito boa, então sua chance é se aproximar de Abigail.
O interessante do roteiro de Deborah Davis e Tony McNamara é justamente explorar esse jogo de intrigas e poder entre os personagens. A questão política tem o seu peso, mas a temática amorosa também é importante, principalmente em como ela é usada para influenciar a decisão das pessoas. Mas principalmente em mostrar que dentro dessa “jogatina” existe os ganhos, mas principalmente as consequências.

Contudo, essa dinâmica entre os personagens só funciona tão bem graças ao primoroso trabalho das atrizes. As cenas entre Stone e Weisz enquanto fazem aulas de tiro são os melhores momentos do filme.

Ao misturar uma parte técnica de qualidade com ótimas atuações, Yorgos Lanthimos transforma A Favorita em um ótimo filme. Olivia Colman, Emma Stone e Rachel Weisz estão fantásticas e entregam atuações incríveis, elevando A Favorita a um novo patamar de excelência.

Classificação:

Título Original: The Favourite (EUA, Reino Unido, Irlanda, 2018)
Com: Olivia Colman, Emma Stone, Rachel Weisz, Nicholas Hoult, Joe Alwyn, Mark Gatiss, James Smith e Jenny Rainsford
Direção: Yorgos Lanthimos
Roteiro: Deborah Davis e Tony McNamara
Duração: 120 minutos

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