O filme libanês “Cafarnaum” apresenta um jovem garoto pobre que lida com uma realidade difícil e complicada. O objetivo da diretora Nadine Labaki é claro: denunciar a situação que muitos vivem no país. Tanto que a cineasta utilizou um elenco formado por pessoas que vivem nessa situação para de alguma forma ajudá-los durante o processo. O fato do longa ter sido indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro foi uma maneira de que mais pessoas, inclusive aqui no Brasil, soubessem do que está ocorrendo no país que faz fronteira com a Síria.
“Cafarnaum” nos mostra o “terror” da vida real em uma história extremamente emocional. A diretora utiliza muita câmera na mão, dando ao filme um tom quase documental e ainda mais urgente. E é bom lembrar da realidade do nosso próprio país onde muitas pessoas enfrentam uma situação bastante similar. As vezes é mais fácil demonstrar empatia com uma situação mais distante do que com algo que pode estar acontecendo ali do outro lado da rua onde você mora.
A história é mostrada através de um flashback, que tem como ponto de partida a prisão do pequeno Zain. O garoto nem sabe quantos anos tem porque seus pais não o registraram, mas um médico o examina e diz que deve ter uns 11 anos. O jovem é acusado de ter dado uma facada em um homem, mas o que teria levado essa criança e tomar essa atitude?
O roteiro apresenta muito bem a realidade do garoto, que vive junto com sua família em um prédio abandonado. Eles vivem amontoados em um local pequeno e Zain trabalha ajudando em um pequeno mercado local, já que o dono do estabelecimento dá a moradia para sua família em troca de seus serviços. O garoto não tem mais infância e já se vê obrigado a assumir responsabilidades de adulto, mesmo não tendo idade e consciência para isso. O carisma do jovem Zain Al Rafeea é impressionante e ele carrega o filme com sua atuação intensa e emocionante.
A trama aborda a questão social muito bem ao apresentar a realidade daquelas pessoas. Seria muito fácil culpar os pais de Zain pela situação, mas na vida real não existem vilões e todos sofrem as consequências da situação.
Ainda temos espaço para mostrar outros temas, como a situação dos refugiados da Síria que entram de forma ilegal no Líbano, ou a questão da mulher que, através de uma personagem que surge durante a história, tem que cuidar sozinha de um bebê.
Cafarnaum pode ser traduzido como caos e essa palavra define bem a situação pela qual Zain passa durante toda a narrativa. Através da visão da cineasta Nadine Labaki acompanhamos sua jornada e todas as dificuldades que ele enfrenta. Impossível não se emocionar e com certeza o filme funciona como denúncia de uma situação grave enfrentada por muitas pessoas, mas que infelizmente não é apenas por lá que isso ocorre.
Classificação:
Título Original: Capharnaüm (Líbano, 2018)
Com: Zain Al Rafeea, Yordanos Shiferaw, Boluwatife Bankole, Kawthar Al Haddad, Fadi Kamel Youssef, Nour el Husseini, Alaa Chouchnieh, Cedra Izam, Nadine Labaki, Joseph Jimbazian e Farah Hasno
Direção: Nadine Labaki
Roteiro: Nadine Labaki, Jihad Hojaily e Michelle Keserwany
Duração: 135 minutos
Outro filme que está na lista desde o Oscar...
ResponderExcluirEsse tem que assistir sem falta!
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