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quarta-feira, 30 de novembro de 2005

Marcas da Violência

O diretor David Cronenberg possui uma filmografia bastante interessante. Passando por temas que abordam a ciência e o avanço da tecnologia como em “A Mosca” ou “Existenz”, ou temas sobre o comportamento humano como em “Crash – Estranhos Prazeres” ou no seu mais novo longa chamado “Marcas da Violência” (History of Violence).

O ator Viggo Mortensen estrela o filme. Depois de ter participado da mega-produção da trilogia “Senhor dos Anéis”, ele agora está fazendo filmes menores e mostrando que realmente é um grande ator. O elenco ainda conta com Maria Belo, Ed Harris e William Hurt.

Viggo vive Tom, um cidadão pacato de uma cidade pequena americana, pai de família e dono de uma lanchonete. Um dia dois assaltantes tentam roubar a sua loja e ele consegue reagir rapidamente, impedir o assalto e mata os criminosos. Ele acaba então sendo considerado um herói local e começa a aparecer nos jornais de todo o país. Eis então que aparece um homem estranho em sua lanchonete dizendo que Tom não é quem diz ser. Teria Tom um passado obscuro? Será sua família capaz de agüentar essa questão? Assim a trama se desenvolve.

O roteiro do filme foi baseado numa história em quadrinhos chamada “History of Violence” (título original do filme também), de John Wagner (criador do Judge Dread). Apesar disso, Cronenberg disse em uma entrevista que não pode afirmar que dirigiu uma adaptação de uma HQ. Isso porque ele leu o roteiro escrito por John Olson, que em nenhum momento citava a fonte. Somente depois o roteiro já tinha sido trabalhado e estavam escolhendo o elenco que ele acabou descobrindo a fonte e leu a revista. Então ele percebeu que já tinha avançado em uma direção bem diferente da revista, então fazer qualquer mudança seria irrelevante.

Cronenberg apresenta um trabalho bem interessante e maduro, com personagens muito bem construídos e fortes. Algumas cenas possuem algumas imagens perturbadoras de violência, mas elas fazem parte da construção da narrativa. Esse elemento alias é uma das marcas do estilo de direção dele. Como ele citou em uma entrevista: “creio que todo artista se interessa pelo extremo”.

Essas poucas cenas de violência e algumas cenas de sexo, que nem mostram muita coisa, foram suficientes para o filme ganhar a censura 18 anos. Vá entender os critérios utilizados para a classificação.

O filme é um dos mais interessantes desse ano e pode ser um dos indicados na briga pelo Oscar. Antes disso tem também o Globo de Ouro. Quem sabe essa a chance de Cronenberg ser reconhecido pela academia e também pelo grande público, já que esse filme vem sendo considerado seu filme mais “comercial”. A crítica em geral vem sendo positiva e o público tanto nos EUA quanto aqui no Brasil tem sido considerável. Depois do sucesso nos festivais de Cannes e de Toronto, parece que ele tem recebido mais roteiros para “consideração”. Esse rótulo só funciona junto com o resultado das bilheterias. Mais uma vez nas palavras dele: “é muito estranho como certas coisas funcionam nessa indústria”. Realmente, ele está bem certo sobre isso.

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