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sexta-feira, 24 de março de 2006

A garota da vitrine

Tem um bom tempo que o ator Steve Martin não faz um filme legal. Ele só tem feito comédias sem graça tipo “Doze é demais” e afins. Bom, ele apostou recentemente em outra área. Escreveu um livro chamado “A garota da vitrine”, que agora ganha sua versão no cinema com roteiro adaptado por ele mesmo. E não é só isso, ele também interpreta um dos papéis principais. Para a direção foi convocado o diretor tailândes Anand Tucker, que dirigiu o filme “Hilary e Jackie”. Além de Martin, completam o elenco principal Claire Danes e Jason Schwatzman.

Mirabelle (Danes) é funcionária de uma loja de departamento em Nova York que tem uma vida bastante solitária. Dois homens acabam aparecendo em sua vida. Um é Jeremy (Schwatzman), um cara humilde que trabalha numa fábrica de amplificadores. Além disso não leva muito jeito pra lidar com as mulheres. O outro é Ray (Martin), um homem com mais de cinquenta anos, bem sucedido nos negócios, mas que não pensa em nenhum momento em ter um relacionamento sério. A história gira em torno desse triângulo amoroso, quer dizer, é mais focado em Mirabelle. Afinal de contas vai sobrar a ela o poder da escolha.

Olhando assim a história, nada de muito novo. Mas o filme não é conduzido no ritmo de uma comédia romântica. O clima está mais para um romance dramático, com um certo tom melancólico que lembra filmes como “Encontros e Desencontros”. Claro que também não é de se esperar muito aprofundamento dramático em suas questões sérias, mas ele aborda de uma maneira sutil questões como a solidão e depressão em grandes cidades.

O grande mérito fica por conta do trio de atores principais. Eles conseguem mostrar seus personagens de maneira até certo ponto realistas, sem passar do limite e chegar a ser caricatos. Isso tudo sem também deixar de ser uma fábula, de certa forma. Claire Danes está maravilhosa como Mirabelle, talvez um dos melhores papéis de sua carreira.

Seria bom também imaginar que depois de um projeto como esse que Steve Martin fosse escolher melhor os seus papéis. Aqui ele mostra que também leva jeito para papéis mais dramáticos, não que isso seja uma novidade em sua carreira. Mas se for ver seus últimos filmes, como o último que é o remake de “A pantera cor-de-rosa”, não parece que isso vá mudar. Uma pena! Acho que sua última comédia legal foi “Os Picaretas”, que também tinha Eddie Murphy. Alias, deve ter sido a última comédia boa deles dois. Quem sabe ele poderia seguir o mesmo caminho seguido por Bill Murray, por exemplo.

O resultado é um filme legal, divertido, com uma certa elegância ao tratar o amor, sem em nenhum momento soar muito melodramático ou piegas, e até mesmo tocante. Tudo bem, ele tem alguns pequenos defeitos, não é perfeito, mas nada que chegue a atrapalhar o resultado final. Um bom entretenimento para quem procura um filme romântico, sem ser esse monte de comédia romântica bizarra que aparece por aí.

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