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segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

As Sufragistas (Suffragette)

Muitas vezes filmes baseados em fatos reais ao retratar determinados momentos históricos importantes ganham uma importância maior mais pelo que representam, do que pelo próprio filme em si. Alguns casos recentes são “Selma: Uma Luta Pela Igualdade” e “12 Anos de Escravidão”, que por acaso falam de temas bastante parecidos. O caso de “As Sufragistas” é um pouco parecido, mas o filme não tem o mesmo impacto que a história real teve. Ainda assim é um filme correto e relevante que mostra um pouco da luta das mulheres pelo direito ao voto, afinal de contas quase 100 anos após os eventos mostrados no filme elas ainda lutam por direito iguais e em alguns países nem direito a voto elas conseguiram.

O filme conta a história de Maud Watts (Carey Mulligan), uma mulher de 24 anos que trabalha numa lavanderia desde criança. Ela é casada com Sonny (Ben Whishaw), que trabalha no mesmo lugar só que ganha mais e trabalha menos, e eles tem um filho pequeno. Enquanto isso o movimento das sufragistas tenta chamar a atenção da sociedade para exigir o direito ao voto feminino. Maud acaba se envolvendo com o grupo meio sem querer, mas quando menos percebe está totalmente envolvida, sua vida está totalmente mudada e afetada já que ela acaba perdendo sua família.

O roteiro de Abi Morgan acerta em focar em apenas uma personagem, no caso Maud, para nos situar na época e também para servir como aprendiz sobre o movimento das sufragistas. Como o grupo não consegue chamar a atenção, elas decidem tomar atitudes mais “violentas”. Afinal de contas a guerra é a única maneira na qual o homem resolve seus conflitos, como sabiamente diz Maud em determinado momento do filme. É interessante notar como ela acaba se envolvendo meio sem querer, mas quando sua vida é afetada e ela não tem mais nada a perder o movimento acaba funcionando como uma motivação para sua vida.

Existem pessoas que estão dispostas a largar tudo em nome da luta pelo seus ideais e pelos seus direitos. A maioria de nós apenas reclama e não faz muita coisa para mudar. Daí a importância de uma história como essa de mulheres que deram suas vidas em nome de uma luta que a maioria não estava disposta a lutar.

A direção de Sarah Gavron aposta em lugar seguro fazendo um filme tecnicamente correto que até consegue escapar da armadilha de cair no excesso de melodrama, apesar da trilha sonora de Alexandre Desplat as vezes exagerar um pouco na “emoção”. Mas considerando a importância e o impacto da história real o filme não consegue impactar ou emocionar na mesma proporção. Talvez a história pudesse ser um pouco melhor explorada, mas a sua sinceridade e simplicidade somadas a boas atuações conseguem superar as falhas.

Carey Mulligan é o grande destaque do filme por conseguir dar a sua personagem uma boa verosimilhança sem soar caricata ou exagerada. Ela consegue captar bem o drama de uma mulher comum que acaba se envolvendo na luta. Helena Bonham Carter também merece destaque. Já a participação especial de Meryl Streep como Emmeline Pankhurst, uma das personagens reais da história (já que a maioria, incluindo Maud, na verdade são ficcionais inspirados em pessoas reais *), poderia ter sido melhor explorada e acaba sendo tão pequena que acaba não acrescentando muita coisa soando apenas como uma coadjuvante de luxo.

As Sufragistas” tem méritos por mostrar fatos importantes da história recente mundial e que ainda hoje são relevantes considerando que até hoje em pleno 2015 as mulheres ainda tem muito o que lutar por direitos iguais. Apesar da história ser melhor do que o filme em si, o resultado ainda é positivo por conseguir captar um pouco a vida de uma mulher comum que se envolveu no movimento sem apelar para o melodrama sendo bastante simples e sincero conseguindo superar suas falhas pela importância da história envolvida.

* Os únicos personagens reais são: Emmeline Pankhurst (Meryl Streep), Emily Davison (Natalie Press) e David Lloyd George (Adrian Schiller). Já Edith Ellyn (Helena Bonham Carter) foi inspirada em duas mulheres reais: Edith Garrud e Edith New. Além disso, Carter é tataraneta de H. H. Asquith (que foi primeiro ministro do Reino Unido entre 1908 e 1916, primeiros anos do movimento sufragista do qual ele era contra).
Fonte: Wikipedia

Título Original: Suffragette (Reino Unido, 2015)
Com: Carey Mulligan, Helena Bonham Carter, Brendan Gleeson, Anne-Marie Duff, Ben Whishaw, Natalie Press, Adrian Schiller e Meryl Streep
Direção: Sarah Gavron
Roteiro: Abi Morgan
Duração: 106 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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