“Mogli – O Menino Lobo” parece seguir o estilo atual de transformar clássicos da animação em filmes live-action. Felizmente, o filme dirigido por Jon Favreau mostra que é mais do que um simples produto de modismo. Ele manteve a essência da animação, mas conseguiu fazer uma leitura interessante produzir um filme para todas as idades sem que soasse infantil ou adulto demais.
O que chama atenção logo na primeira cena são os efeitos especiais. A única coisa real, na tela, é o garoto Mogli, interpretado por Neel Sethi. O restante (floresta, animais, etc) é feito por computador. O resultado é impressionante pela excelente qualidade dos efeitos. Além disso, o uso do 3D se justifica na criação do universo do filme como forma de complementar a experiência visual, e não apenas como uma maneira de cobrar ingressos mais caros. A profundidade ajuda na ambientação dentro da floresta e aumenta ainda mais o realismo dos efeitos visuais.
Felizmente o filme não se sustenta apenas com o visual. Apresenta também uma ótima trama. O roteiro de Justin Marks consegue construir bem a história de Mogli, um jovem humano que vive entre os animais e tenta se adaptar a viver como um lobo, sem usar habilidades humanas. Ele foi encontrado pela pantera Bagheera (voz de Ben Kingsley) e criado pela alcateia de Akela (Giancarlo Esposito) e Raksha (Lupita Nyong'o). Porém, alguns animais estranham a presença do garoto entre eles. O principal opositor é o tigre Shere Khan (Idris Elba), que ameaça e alerta sobre o “perigo” que o pequeno Mogli pode oferecer quando envelhecer. A pantera Bagheera decide levar o garoto para a vila dos homens. Mas eles enfrentam problemas no caminho e Mogli encontra com o urso Baloo (Bill Murray).
A relação entre Mogli e Baloo é um dos pontos chaves do filme. Uma mistura de interesse e amizade, o urso explora as habilidades humanas do garoto - no filme, chamadas de truques - mas acaba se afeiçoando a ele. É Baloo quem incentiva o menino a usar os seus “truques” e a confiar em si mesmo. Talvez essa amizade pudesse ser um pouco melhor desenvolvida, mas com outros elementos a serem explorados, ela acaba sendo apenas satisfatória e não atrapalha o resultado final do filme.
O elenco de vozes do filme é muito bom e todos merecem destaque. A começar por Bill Murray como Baloo que é, sem dúvida, o melhor personagem do filme, graças ao talento e senso de humor do ator. Outro que merece ser citado é Idris Elba como Shere Khan. Ele transforma o tigre em um personagem frio e assustador. Sem dúvida, o papel mais inusitado é de Christopher Walken como o Rei Louie, um orangotango gigante que ganhou um momento musical cantando uma canção. Inclusive, é provável que esta cena quebre um pouco o tom do filme e não seja de extrema importância para a história, mas ainda assim é extremamente divertida. Mas a música entre Baloo e Mogli é mais legal que a de Louie. Por último não posso deixar de falar da participação de Scarlett Johansson como a cobra Kaa. Impossível não ficar “hipnotizado” pela voz da atriz. Aliás, Scarlett mostra talento e carisma usando as cordas vocais desde o filme “Ela”.
Como é um filme para todas as idades, ele não pode ficar apenas com uma história dramática. Por isso também tem aventura. E nisso ele também se sai positivamente com cenas muito bem produzidas, ótimo ritmo e alguns momentos um pouco mais “tensos”. A fotografia, de Bill Pope, consegue captar de maneira muito boa o que acontece na tela e evita que as cenas fiquem confusas. Além disso, explora de forma inteligente toda a beleza do visual da floresta ajudando também no realismo dos efeitos visuais. A trilha sonora, de John Debney, também é marcante e ajuda a criar um clima de emoção e aventura, sem soar forçado.
O diretor, Jon Favreau, mostra mais uma vez seu talento e diversidade já que comandou filmes como “Homem de Ferro” e “Chef”. Ele conseguiu criar uma visão interessante de Mogli ao manter os elementos clássicos, tanto do livro quanto da animação da Disney. Essa sintonia funciona até mesmo quando ele coloca novos elementos. A mistura do tom adulto e infantil é capaz de agradar a todas as idades. Fravreau conseguiu criar um mundo impressionante com efeitos especiais que em nenhum momento soam artificiais. E também não se sustentou apenas no visual, garantindo também uma ótima história e um excelente elenco.
* Texto revisado por Elaine Andrade
* Texto revisado por Elaine Andrade
Título Original: The Jungle Book (EUA, 2014)
Com: Neel Sethi e as vozes de Bill Murray, Ben Kingsley, Idris Elba, Lupita Nyong'o, Scarlett Johansson, Giancarlo Esposito e Christopher Walken
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Justin Marks
Duração: 105 minutos
Nota: 4 (ótimo)
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