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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Ave, César! (Hail, Caesar!)

Humor negro, nonsense, ironia e acidez. Esses são os ingredientes da mais nova comédia dos irmãos Coen – "Ave, César!". Mistura de crítica e homenagem à Hollywood da década de 1950, o filme reúne elenco de atores talentosos como George Clooney, Josh Brolin, entre outros.

O filme revela como a imagem de astros era controlada pelos estúdios, na chamada “Era de Ouro” do cinema norte-americano. O objetivo era evitar que deslizes dos grandes atores repercutissem de forma negativa nos filmes e no próprio estúdio. É nesse contexto que acompanhamos a rotina do personagem Eddie Mannix (Josh Brolin). Ele tem a tarefa de solucionar todo e qualquer tipo de problemas relacionados aos filmes em produção, no estúdio fictício Capitol Pictures.

A trama acontece durante a filmagem de “Ave. César!”, o filme dentro do filme, estrelado por Baird Whitlock (George Clooney). Há poucos dias do fim das gravações o ator é sequestrado. Porém, com fama de mulherengo e fanfarrão, todos imaginam que Baird esteja aprontando mais uma das suas. Cabe à Mannix lidar com a situação: continuar as filmagens, já que parar custa caro; e garantir que o sumiço do ator não vá parar nas manchetes dos jornais. Mas, muito trabalho ainda espera por Eddie Mannix, já que essa é só uma das tantas produções do estúdio, e só mais um dos problemas com os quais ele terá que lidar durante o filme.

O roteiro dos irmãos Coen satiriza o modo como os estúdios funcionavam. É curioso ver como as figuras dos astros de cinema eram totalmente controladas. Escândalos, indiscrições, deslizes, tudo era abafado para que a imagem do estúdio não fosse prejudicada. Assim, uma atriz jamais poderia aparecer em público como mãe solteira ou um ator ser assumidamente gay. Apesar de temas como esses ainda serem tabus em Hollywood, o controle era muito maior na época em que se passa o filme. Hoje em dia, por exemplo, um bom escândalo pode ser bastante favorável à carreira de um ator. 

Os “vilões” da história não poderiam ser outros que não os “camaradas comunistas”, já que o filme se passa no pós-guerra mundial, auge da paranoia americana com relação aos ideais socialistas. São os comunistas que sequestram um dos astros do estúdio, em uma luta contra o capitalismo. Mesmo com um tema complicado e polêmico, os Coen conseguem abordar o assunto de maneira divertida e interessante, acertando na medida do humor inteligente e satírico. Nesse ponto, talvez eles pudessem ter ido um pouco além e aprofundado a crítica. Porém, a fórmula funciona bem, dentro do contexto do filme.
O ponto mais interessantes é a homenagem que os diretores fazem ao Cinema. Uma das cenas mais bonitas e bem produzidas é a que Channing Tatum dança sapateado, fazendo clara alusão à Gene Kelly. Vale destacar toda a a parte técnica do filme, com a recriação fiel de cenários e figurinos da época. A fotografia, de Roger Deaking, é impressionante e brinca um pouco com a forma de filmagem dos anos 50. A trilha sonora, de Carter Burwell, traz o charme da era dourada das grandes produções hollywoodianas.

O clima enigmático, policial e de mulheres misteriosas traz o tom de cinema noir ao filme, encaixando-se bem ao período em que se passa a história. Mas é na linha da comédia e da sátira que predomina a produção. Com um elenco inspirado e ótimas participações especiais, o resultado é divertido e interessante, ainda que a parte crítica pudesse ter ido um pouco mais além.

* Texto revisado por Elaine Andrade

Título Original: Hail, Caesar! (EUA, Reino Unido, 2015)
Com: Josh Brolin, George Clooney, Alden Ehrenreich, Ralph Fiennes, Jonah Hill, Scarlett Johansson, Frances McDormand, Tilda Swinton, Channing Tatum e Michael Gambon (narrador)
Direção e Roteiro: Joel Coen e Ethan Coen
Duração: 106 minutos

Nota: 4 (ótimo)

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