Qual a melhor forma de educar os nossos filhos? Em “Capitão Fantástico”, um pai resolve criar seus filhos de maneira diferente, longe da sociedade capitalista. O objetivo é que eles sejam capazes de sobreviver na floresta caçando e plantando seus próprios alimentos. Mas ao mesmo tempo também ensina línguas, filosofia, economia, física, entre outros. O melhor é que Ben (Viggo Mortensen) incentiva o pensamento crítico e está sempre estimulando-o.
Ao pedir para que uma de suas filhas comente sobre um dos livros que ela está lendo, “Lolita” de Nabokov, ela responde que o acha interessante. O pai diz que interessante não é uma palavra e pede que ela fale mais a respeito. A garota tenta então fazer um resumo da história. Só que Ben disse que não é isso que ele quer, mas sim uma opinião sobre a obra.
Quando a mãe da família morre, eles entram numa road trip rumo ao funeral para fazer com que seu último desejo seja realizado. Assim iremos ver como eles interagem com o resto da sociedade. A forma como eles enxergam o mundo é muito boa e nos faz pensar sobre a nossa sociedade de consumo. É ótimo notar como uma das crianças estranha o fato de ver tantos adultos obesos e questiona o pai sobre o que houve com eles.
O filme funciona devido ao interesse do espectador com a família. E o roteiro consegue criar personagens muito bons a ponto de nós querermos acompanhá-los até o final ficando com um gostinho de quero mais. A cada comentário deles sobre a sociedade nos faz pensar sobre nossos excessos. Além da forma de como educamos e fomos educados.
As crianças de um outro casal de parentes acham estranho que os filhos de Ben não saibam o que são Nike ou Adidas. Mas os próprios não conseguem responder uma pergunta sobre o que é a declaração de direitos.
Ou seja, o filme está questionando o método da educação. A primeira vista a forma como Ben criou os seus filhos pode parecer absurda e exagerada pelas situações extremas pela qual ele submete as crianças. Mas será que a nossa forma tradicional também não tem problemas?
A história não quer trazer respostas, mas sim fazer reflexões e questionamento sobre o tema. Isso fica bem claro quando o avô materno das crianças questiona a forma como Ben criou seus filhos. Ele poderia ter sido retratado como o vilão da história. Mas ele é retratado de forma verossímil, então no mundo real ele está apenas tentando ser razoável e preocupado com a forma de viver dos netos.
O filme funciona não só pelo excelente roteiro, mas pelo incrível trabalho do elenco. Os atores entregam performances muito boas e cheias de carisma. A química entre eles também é impressionante. Cada personagem tem suas características próprias e seu momento de destaque. Os mais jovens se destacam por demonstrar uma ótima maturidade para conseguir construir personagens complicados de forma natural e verossímil.
Em resumo “Capitão Fantástico” poderia ser classificado como uma mistura de "Pequena Miss Sunshine" com "Na Natureza Selvagem". Do primeiro temos uma família numa road trip tentando entrar em sintonia. Do segundo a forma “selvagem” de encarar a vida. O filme é uma excelente mistura entre comédia com leves toques de drama.
Título Original: Captain Fantastic (EUA, 2016)
Com: Viggo Mortensen, George MacKay, Samantha Isler, Annalise Basso, Nicholas Hamilton, Shree Crooks, Charlie Shotwell, Kathryn Hahn, Steve Zahn, Ann Dowd, Erin Moriarty, Missi Pyle e Frank Langella
Direção: Matt Ross
Roteiro: Matt Ross
Duração: 118 minutos
Nota: 5 (excelente)
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