O diretor Guy Ritchie tentou fazer em “Rei Arthur: A Lenda da Espada” o mesmo que ele fez com “Sherlock Holmes”, ao apresentar um personagem clássico através do seu estilo de filmar, não alcançando entretanto o mesmo resultado positivo.
Transformar Arthur, ou Art como ele é chamado no filme, em um "golpista" que parece saído de "Jogos, Trapaças e 2 Canos Fumegantes" (primeiro longa de Ritchie) não teve um resultado interessante. O personagem ficou chato e irritante, sempre fazendo alguma piadinha ou demonstrando superioridade, só que sem nenhum carisma. Além disso, a jornada do personagem ao questionar o seu destino apresenta muitos problemas. O restante do elenco também apresenta atuações irregulares, com o destaque negativo para o vilão interpretado por Jude Law, que está exagerado e caricato. Já a Mage de Àstrid Bergès-Frisbey disputa com Art o prêmio de personagem mais chato e irritante do filme, mas o protagonista ganha por ter mais tempo na tela.
Ritchie parece preso dentro do seu próprio estilo de filmar e não consegue evitar o seu "maneirismo" em tornar o seu longa "estiloso", demonstrando que perdeu de vez a mão. A montagem rápida e com muitos cortes parece confusa na maior parte do tempo, principalmente nas cenas de ação, que também contam com algumas tomadas vistas de cima, piorando o entendimento da mesma. A repetição do flashback mostrando a morte do pai de Arthur tem como objetivo mostrar algum elemento novo à cada reprise, como se o protagonista estivesse aos poucos superando o trauma do ocorrido, mas isso se torna algo incomodativo e entediante. Pior são os momentos em que a história é narrada pelo protagonista, que vai contando o que vai acontecer enquanto os eventos são apresentados na tela. Isso funciona na primeira vez, mas nas seguintes se apresenta como algo preguiçoso do "estilo" do diretor.
Os efeitos visuais são irregulares e a fotografia escura em 3D prejudica bastante isso. Além disso, em alguns momentos Ritchie utiliza câmera lenta - mais uma vez tentando ser “estiloso” - mas o resultado na maioria das vezes é uma cópia ruim (se é que isso é possível) do “estilo” de Zack Snyder (Batman vs Superman), sendo que a maioria deles é desnecessário. Um exemplo disso é quando Arthur usa a Excalibur. Quando ele segura a espada com as duas mãos é como se as pessoas ao seu redor ficassem em um ritmo bem mais lento, assim ele consegue derrotá-los facilmente.
O único elemento técnico do “estilo” de Ritchie que funciona muito bem é a trilha sonora de Daniel Pemberton. Ela consegue misturar bem temas clássicos com músicas modernas criando algo que combina com as intenções do diretor de mostrar um Rei Arthur clássico, só que com uma roupagem moderna.
O longa é uma aventura de fantasia medieval, logo as cenas de ação que poderiam ser a grande salvação do filme no quesito diversão infelizmente também deixam a desejar na maior parte do tempo. As grandes batalhas, principalmente a mostrada no início do filme, são prejudicadas por efeitos visuais irregulares - já citados - e também por não conseguir apresentar elementos interessantes deixando esses momentos como se fossem um “Senhor dos Anéis” genérico.
Guy Ritchie falhou em apresentar a sua visão de Rei Arthur por não conseguir adaptar o seu estilo de filmar ao personagem. Na maior parte do tempo o diretor se perde em seu próprio maneirismo exagerando no seu jeito “estiloso” de dirigir. A ideia de mostrar um personagem clássico com uma roupagem moderna era promissora, mas infelizmente Ritchie não conseguiu fazer isso funcionar, mesmo tendo a experiência bem realizada com Sherlock Holmes.
Título Original: King Arthur: Legend of the Sword (EUA , Austrália, Reino Unido, 2017)
Com: Charlie Hunnam, Àstrid Bergès-Frisbey, Djimon Hounsou, Aidan Gillen, Kingsley Ben-Adir, Craig McGinlay, Tom Wu, Neil Maskell, Freddie Fox, Annabelle Wallis, Bleu Landau, Mikael Persbrandt, Poppy Delevingne, Jude Law, Eric Bana
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Guy Ritchie, Lionel Wigram e Joby Harold
Duração: 126 minutos
Nota: 2 (irregular)
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