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quinta-feira, 11 de maio de 2017

Alien: Covenant

A cena inicial do filme mostra uma conversa entre David, andróide sintético interpretado por Michael Fassbender e Peter Weyland (Guy Pearce), seu criador. David comenta que Weyland o criou e o questiona sobre quem então o teria criado. Esse momento ilustra bem sobre o que o longa "Alien: Covenant" se trata: o fascínio da “criatura” em relação ao seu criador. O ser humano sempre busca a sua origem, seja através da ciência ou da religião, então é interessante como essa seria uma boa forma do homem artificial demonstrar sua humanidade.

Essa cena se passa antes dos eventos mostrados em “Prometheus”, mas o restante da história do longa se passa depois. A trama de “Alien: Covenant” apresenta um pouco mais sobre a origem da criatura de outro planeta, só que deixa muitas perguntas, apresentadas no longa anterior, ainda sem respostas. O filme acerta em deixar o clima de terror espacial em segundo plano, mas peca ao não fechar todas as pontas soltas.

Iremos acompanhar a missão da nave Covenant cujo o objetivo é ir até um novo planeta que será colonizado pelos humanos. A equipe é formada por casais e um novo andróide chamado Walter, que é uma nova versão de David. No meio da viagem acontece um problema técnico e durante a parada eles recebem um chamado de socorro vindo de um planeta misterioso. E agora, seguir com a missão ou ir investigar esse pedido de ajuda? O protocolo manda averiguar e obviamente que ao chegar lá a tripulação vai encontrar problemas.
A trama do filme de Ridley Scott segue a mesma lógica de “Alien - O 8º Passageiro”, que ele também dirigiu, com pequenas variações. Aqui a narrativa segue um padrão parecido com filmes de terror da série Sexta-Feira 13. Os novos personagens, que em excesso não têm muito espaço para se desenvolver no roteiro, parecem ser punidos por seus “erros”. Sejam eles por um julgamento incorreto ou até mesmo por questões moralistas, como fazer sexo em momento inapropriado.

Ainda que caminhe por esse viés manjado de filmes de terror adolescente, a trama consegue ser eficaz deixando felizmente essa falha em segundo plano. Scott é um bom diretor, apesar de ter uma carreira irregular, e ele usa bem os clichês de suspense - muitos deles criados por ele no primeiro Alien - para criar o clima de tensão que vai aumentando de forma gradativa.

O único recurso que Scott não repete é a apresentação do “monstro”. No primeiro Alien quase não vemos a criatura e esse mistério ajuda a criar o terror através do poder da sugestão. A nossa imaginação é uma ferramenta poderosa e esse recurso já foi utilizado em muitos outros filmes desse mesmo gênero, como por exemplo em “Tubarão” de Steven Spielberg. No cinema atual os efeitos especiais evoluem constantemente, então agora já é possível criar o alien totalmente digital. Por melhor que eles sejam realizados, ao exibi-lo com detalhes em algumas cenas, a artificialidade da criação gráfica acaba por diminuir a sensação de medo no espectador.
Voltando à trama, o planeta que a Covenant vai investigar é o mesmo que David e Elizabeth Shawn foram parar após o final de “Prometheus”, mas apenas o andróide sobreviveu. Ele aparece para ajudar a equipe, no entanto aos poucos ele irá revelar suas verdadeiras intenções. O personagem, interpretado por Michael Fassbender, é o grande destaque da trama. Ele e Walter são os únicos que têm um desenvolvimento de personalidade. O trabalho de Fassbender diferenciando os dois é muito bom. Um é a versão mais atualizada do outro e é interessante notar como eles verificam essas diferenças. Dessa forma, mesmo sem citar o termo explicitamente, o filme discute um pouco sobre a inteligência artificial justamente na forma como cada um demonstra sua “humanidade”.

Em sua reta final, o roteiro de John Logan e Dante Harper segue por um caminho mais previsível e, mesmo que as reviravoltas e surpresas pareçam óbvias demais, o filme ainda assim é eficiente. Apesar de estar abaixo do nível dos anteriores, o longa tem boas cenas de ação, um clima de tensão que funciona e mantém a boa qualidade da série.

Título Original: Alien: Covenant (EUA , 2017)
Com: Michael Fassbender, Katherine Waterston, Billy Crudup, Danny McBride, Demián Bichir, Jussie Smollett, Amy Seimetz, Carmen Ejogo, Callie Hernandez, Nathaniel Dean, Alexander England, Benjamin Rigby, Guy Pearce e James Franco
Direção: Ridley Scott
Roteiro: John Logan e Dante Harper
Duração: 123 minutos

Nota: 3 (bom)

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