propaganda

sábado, 5 de agosto de 2017

Homem Aranha: De Volta para Casa (Spider-Man: Homecoming)

A Sony deu o braço a torcer e conseguiu fazer um acordo com a Marvel para incluir o Homem Aranha no MCU (Marvel Cinematic Universe). Então o roteiro de “Homem Aranha: De Volta para Casa” precisou "encaixar" diversas coisas. Primeiro, não repetir o erro de mais uma vez mostrar a origem do personagem, mesmo sendo um novo reboot. Depois, arrumar um vilão que não tivesse sido utilizado antes nos filmes do aranha. E por último, encaixar o personagem dentro do MCU. Então, considerando todos esses obstáculos, o roteiro de Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna e Erik Sommers conseguiu resolver isso tudo de forma eficiente.

O longa começa após os eventos apresentados em “Capitão América: Guerra Civil”. Peter Parker (Tom Holland) ainda não acredita que ele esteve entre os Vingadores. Mas após lutar ao lado do Homem de Ferro (Robert Downey Jr.), ele foi deixado de lado. O Homem Aranha está ganhando experiência enfrentando crimes comuns em Nova York enquanto espera um novo chamado de Tony Stark.

Logo no início o longa nos apresenta Adrian Toomes / Abutre, interpretado por Michael Keaton. Ele é um dos vilões mais interessantes do MCU apresentados até agora, já que esse tipo de personagem nos filmes da Marvel não são muito bem desenvolvidos. Toomes investe dinheiro para adquirir equipamento para recolher os entulhos gerados pelo conflito dos Vingadores com Loki no primeiro filme deles, mas sua licitação é cancelada sem muita justificativa. Revoltado com Stark ele fica com uma parte do material alienígena e começa a fabricar armas e equipamentos para vender de forma ilegal. Apesar de estar operando fora de lei, todas as atitudes de Adrian são pensando em sua família. E ele está disposto a fazer de tudo por ela, ainda que sejam atitudes pouco louváveis. O Abutre é uma figura que parece estar fazendo a coisa “certa”, por vias erradas. Dessa forma ele se transforma em uma pessoa ameaçadora caso alguém esteja no seu caminho. A interpretação de Keaton impressiona por conseguir mostrar tanto esse lado ameaçador quanto o família.

A melhor cena do filme envolve um conflito fora do comum entre Toomes e Parker. Sem entregar muito para não estragar a surpresa da cena, basta dizer que ambos estão dentro de um carro. A situação é uma coisa comum, mas a tensão criada entre os personagens com diálogos aparentemente triviais é sensacional. Esse momento é um dos mais brilhantes dos filmes heróis, ou até mesmo da história do cinema. O diretor Jon Watts ainda usa outro elemento genérico, a luz de um semáforo, para intensificar o nervosismo da cena quando mostra a luz vermelha do mesmo refletida no rosto de Adrian, indicando o perigo.

Já em outro momento o diretor opta por brinca com as cores, dessa vez ao apresentar a tia May (Marisa Tomei) usando uma roupa vermelha e azul, as mesmas do uniforme do Aranha. Pena que a personagem não seja muito bem utilizada pelo roteiro. Na maior parte das vezes ela é utilizada como recurso cômico pelo fato de ser bonita. Funciona uma vez, mas nas seguintes perde o sentido parecendo algo gratuito.

Em compensação, a escolha dos atores para o elenco é bastante acertada por apresentar uma boa diversidade étnica. Temos uma mocinha negra (Laura Harrier) e um colega latino (Tony Revolori) e um oriental (Jacob Batalon). O destaque fica por conta de Ned, interpretado por Batalon, que forma uma ótima dupla com Parker garantindo ótimos momentos cômicos graças à boa química entre os atores.
O protagonista Tom Holland já havia mostrado seu talento e carisma roubando a cena em Guerra Civil, mesmo aparecendo pouco no filme. Aqui ele tem espaço para construir melhor o seu personagem, apresentando um garoto que está aprendendo a lidar com seus novos poderes, que com eles vem grandes responsabilidades. O roteiro peca um pouco na relação dele com Stark, principalmente quando Tony dá ao uniforme do Aranha diversas funções computadorizadas, transformando-o quase em um jovem Homem de Ferro. Além disso, Parker está mais interessado em provar seu valor fazendo algo específico para Tony do que realmente se mostrar um herói de verdade digno de ser um vingador.

Na parte técnica o filme tem bons efeitos visuais, ainda que o Aranha pareça na maior parte do tempo como um “boneco digital”. Em geral os efeitos são corretos, inclusive a utilização do 3D. Nas cenas de ação temos alguns bons momentos, mas elas deixam um pouco a desejar de forma geral, principalmente na batalha final entre o herói e o vilão. Ainda assim, “Homem Aranha: De Volta para Casa” é um longa extremamente divertido e cheio de energia. O protagonista esbanja carisma e entrega um Homem Aranha super engraçado e carismático. E o vilão, sempre um problema nos filmes da Marvel, dessa vez funciona muito bem, equilibrando motivação pessoal e ameaça.

Título Original: Spider-Man: Homecoming (EUA, 2017)
Com: Tom Holland, Michael Keaton, Laura Harrier, Marisa Tomei, Jon Favreau, Zendaya, Jacob Batalon, Donald Glover, Tony Revolori, Bokeem Woodbine, Angourie Rice, Abraham Attah, Tyne Daly, Selenis Leyva, Logan Marshall-Green, Michael Chernus, Kenneth Choi, Hannibal Buress, Martin Starr, Gwyneth Paltrow, Robert Downey Jr. e a voz de Jennifer Connelly
Direção: Jon Watts
Roteiro: Jonathan Goldstein, John Francis Daley, Jon Watts, Christopher Ford, Chris McKenna e Erik Sommers
Duração: 133 minutos

Nota: 4 (ótimo)

Nenhum comentário:

Postar um comentário