No longa-metragem dos Simpsons, Homer faz uma piada bem interessante. Ao ir no cinema assistir um filme da animação Comichão e Coçadinha ele se questiona: “por que eu paguei para assistir algo que eu posso ver de graça na tv em casa?”. Essa piada também é válida para “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas”, que leva os personagens do desenho do canal Cartoon Network para as telas do cinema.
Sabendo disso, os diretores Peter Rida Michail e Aaron Horvath mostram os personagens fazendo algo que normalmente não fazem na televisão: salvando o mundo. No entanto, o caminho para isso será tão politicamente incorreto quanto as aventuras televisivas onde Robin, Mutano, Cyborg, Ravena e Estelar estão mais interessados em “curtir a vida” do que desempenhar seus papéis como uma equipe de super-heróis. Esse estilo de vida deles faz com que os outros heróis não os levem a sério, achando que eles são muito bobos.
Na história, Robin quer protagonizar um filme de herói, assim como Batman, Superman, entre outros. Porém a produtora de cinema Jade Wilson não parece muito interessada em levar o personagem para as telonas. Mas quem sabe se Os Jovens Titãs tivessem um arquivilão? Assim o grupo vai atrás de um, encontrando em Slade o candidato perfeito. Contudo o vilão não parece interessado no papel, mas demonstra ser um adversário muito perigoso.
Pelo descrição da história dá para perceber a “bagunça” que é o universo dos Jovens Titãs em Ação. É justamente no equilíbrio entre algo banal: fazer um filme de herói, e realmente desempenhar o papel deles como super-heróis de verdade. No meio dessa linha tênue a narrativa passa pela comédia e ação, fazendo humor de diversas maneiras. A principal delas é através de referências pop.
Na televisão a animação sempre se inspirou muito nos anos 1980, principalmente através de música - recurso usado inclusive para combater o crime, além de sempre explorar referências pop. No entanto, no cinema era necessário ir além, então as coisas ficaram mais grandiosas. Não faltam citações aos heróis da DC, filmes, músicas, e até mesmo piadas com a rival Marvel.
Outra diferença é a qualidade visual da animação, com muito mais detalhes, já que fazendo um longa de animação os desenhistas e animadores têm mais tempo para caprichar nos cenários, diferentemente da correria de produzir uma série de episódios para uma temporada na televisão. Contudo, é mantida a identidade visual dos Jovens Titãs em Ação, e outras marcas registradas, como a mistura entre os estilos de animação em determinados momentos.
Outro elemento importante na animação é a metalinguagem. Esse recurso já foi usado diversas vezes nos episódios televisivos, então não poderiam ficar de fora do filme. A principal piada se refere ao universo sombrio da DC, então em “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas” tem a oportunidade de brincar com seus principais personagens, se aproximando um pouco do lado mais cômico da rival Marvel.
Assim como outros elementos já citados, a trama de “Os Jovens Titãs em Ação! Nos Cinemas” também é mais grandiosa que as vistas na televisão. A narrativa se sustenta durante toda a duração e funciona muito bem com o objetivo de divertir, e também parodiar um pouco o universo dos filmes de super-herói que estão em alta nos dias atuais. Não deixa de ser um pouco de crítica e reflexão sobre o assunto, mas sempre do jeito sem noção que estamos acostumados a ver na série animada. O longa surpreende e não parece um simples episódio especial, justificando a ida ao cinema de algo que poderia ser assistido de graça em casa.
Classificação:
Título Original: Teen Titans Go! To the Movies (EUA, 2018)
Com: Manolo Rey, Charles Emmanuel, Mariana Torres, Eduardo Borgeth e Luiza Palomanes (vozes em português); Greg Cipes, Scott Menville, Khary Payton, Tara Strong, Hynden Walch, Will Arnett e Kristen Bell (vozes originais em inglês)
Direção: Peter Rida Michail e Aaron Horvath
Roteiro: Michael Jelenic e Aaron Horvath
Duração: 88 minutos
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