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quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

Homem-Aranha no Aranhaverso

O Homem-Aranha ganhou 3 versões diferentes no cinema nos últimos anos desde 2002. Nos quadrinhos o personagem da Marvel também tem “alter-egos” em universos diversos. Então a ideia da animação “Homem-Aranha no Aranhaverso” é muito interessante ao brincar com esse “multiverso” das HQs do aracnídeo.

A primeira coisa que chama a atenção na animação é o seu visual incrível, que impressiona com a riqueza de detalhes e com o estilo inovador. “Homem-Aranha no Aranhaverso” explora muito bem novas técnicas e tecnologias de desenho, criando um universo único e belo. O 3D explora de maneira eficiente a profundidade dos cenários, criando uma grande imersão dentro da narrativa, provando que ultimamente no cinema apenas as animações têm conseguido explorar bem a tecnologia.

O filme já começa apresentando seu tom bem-humorado ao brincar com a origem do Homem-Aranha, que já foi explorada à exaustão em diversas mídias visuais. Vemos Peter Parker se apresentando e contando um resumo sobre quem ele é ao espectador, mas lembrando que provavelmente você já ouviu essa história. No entanto, o protagonista da animação é o adolescente negro Miles Morales que por acaso também é mordido por uma aranha radioativa, ganhando poderes similares ao de Parker. Ao buscar pelo animal, o jovem se encontra com Peter em um local onde Wilson Fisk construiu um acelerador de partícula. A máquina abre um portal para universos paralelos e aí começa a “confusão”.

Temos o encontro de 5 versões do Homem-Aranha: o próprio Morales, um Peter Parker mais velho do futuro, o Porco-Aranha, Mulher-Aranha (ou Spider-Gwen), Homem-Aranha noir e Peni Parker (uma versão mangá). Juntos eles terão que arrumar uma forma de evitar que os universos sejam destruídos e voltar para o seu respectivo universo. No entanto, a principal jornada da narrativa gira em torno de Miles.

O roteiro desenvolve muito bem essa jornada, que utiliza bem aspectos da adolescência e da realidade negra americana. A relação do personagem com a família é bem explorada, principalmente o relacionamento dele com o pai e com o tio. Além disso, Miles precisa aprender a usar seus novos poderes e aprender aquela velha mensagem de que “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. A cena envolvendo o “salto da fé” é bem emocionante ao mostrar as dúvidas do protagonista em relação a sua própria capacidade.
Além de uma ótima história, “Homem-Aranha no Aranhaverso” também apresenta um apurado primor técnico. A fotografia é fantástica, explorando bem a parte visual já citada da animação. Temos gags visuais interessantes, principalmente fazendo paralelo aos quadrinhos, com balões de diálogo e corte entre as cenas como se estivesse passando as páginas de uma HQ. Outro detalhe são as mudanças de eixo, invertendo o horizontal para vertical. Explicando melhor e exemplificando, vemos uma personagem escalando um prédio na vertical, mas a câmera muda o ponto de vista, então o vemos de forma horizontal. Esse recurso é muito bem utilizado e ajuda em mostrar os poderes dos aracnídeos.

A montagem também é rápida e mantém um ritmo agradável e dinâmico à animação, usando cortes rápidos, principalmente nas cenas de ação, com excelentes movimentos de câmera, sem em nenhum momento parecer confuso. A trilha sonora também é muito boa e é interessante notar como cada personagem tem o seu próprio tema, além do seu próprio estilo visual.

O elenco de vozes também é muito bom, com destaques para Shameik Moore como Miles Morales e Hailee Steinfeld como Spider-Gwen. Contudo, mesmo com pouco tempo de voz, quem rouba a cena sempre que fala é Nicolas Cage com seu Homem-Aranha noir.

Em síntese “Homem-Aranha no Aranhaverso” é uma excelente animação que faz justo ao universo do personagem da Marvel, que apresenta no cinema sua versão mais interessante – além da original – que é Miles Morales. Junto com uma ótima história e uma parte técnica primorosa, o resultado é um dos melhores filmes do ano.

Classificação:

Título Original: Spider-Man: Into the Spider-Verse (EUA, 2018)
Com as vozes de: Shameik Moore, Jake Johnson, Hailee Steinfeld, Mahershala Ali, Brian Tyree Henry, Lily Tomlin, Luna Lauren Velez, John Mulaney, Kimiko Glenn, Nicolas Cage e Liev Schreiber
Direção: Bob Persichetti, Peter Ramsey e Rodney Rothman
Roteiro: Phil Lord e Rodney Rothman, história de Phil Lord
Duração: 117 minutos

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