O que uma pessoa estaria disposta a fazer para se tornar famosa? Temos exemplos comuns, como artistas musicais, e outros extremos, como autores de massacres. “Vox Lux - O Preço da Fama”, do diretor Brady Corbet, faz um paralelo entre esses 2 tipos. Uma obra corajosa e um pouco controversa, mas que é interessante ao fazer uma análise e reflexão sobre a culto das celebridades, e também uma visão do preço que essas pessoas pagam da sua própria vida pessoal em troca do sucesso.
O filme é separado em 3 partes. Na 1ª vemos um jovem se preparando e colocando em prática um massacre no colégio onde estuda. A jovem Celeste é uma das sobreviventes e durante o processo de recuperação escreve uma canção junto com a irmã para contar como se sente. Na 2ª parte vemos a jovem no processo para se tornar uma cantora pop, após chamar a atenção com sua música. E na parte final encontramos cantora mais velha, lidando com o sucesso.
Qual seria a diferença entre fazer algo terrível, como matar pessoas, ou simplesmente fazer uma canção sobre a tragédia e se aproveitar do ocorrido para chamar a atenção para si mesma? Através da jornada de Celeste o cineasta Brady Corbet apresenta a sua visão e faz explora bem a narrativa, inclusive pontuando alguns momentos da história através de um narrador (voz de Willem Dafoe).
O processo de transformar a jovem Celeste em uma cantora pop é complicado, mas é algo que a garota está disposta a fazer apesar dos sacrifícios. Entretanto, quando chegamos na parte final e vemos no que ela se transformou, talvez não tenha valido a pena.
A forma como cada ser humano lida com suas próprias frustrações é outro tema abordado por “Voz Lux”. Celeste encontrou na música uma maneira de colocar seus sentimentos para fora. Ela pode não ter machucado ninguém, como o atirador fez, mas de alguma forma ela também se aproveitou da tragédia para ficar famosa. Pode ter sido de forma mais ingênua, mas ainda sim tem o lado “aproveitador”.
O lado pessoal de Celeste é a parte central da narrativa, principalmente a relação dela com a irmã, o empresário e depois com a própria filha. O diretor usa um recurso interessante para representar os personagens. Inicialmente a protagonista é interpretada por Raffey Cassidy, enquanto sua versão mais velha fica com Natalie Portman. No entanto, os outros 2 continuam com Stacy Martin e Jude Law, e Cassidy se transforma na filha. Isso pode confundir um pouco, mas Brady Corbet deixa claro que sua figura principal é a que passou por uma mudança mais drástica, principalmente em relação a idade e no comportamento.
O elenco está muito bem, principalmente Portman e Cassidy. As atrizes mostram talento também como cantoras, sendo que ambas cantam músicas originais compostas para o filme pela artista Sia. Enquanto a 1ª mostra o lado mais trágico da consolidação de uma cantora pop de sucesso, a 2ª apresenta a jornada do fim da inocência em busca do seu próprio sonho, não importando as consequências.
As músicas, inclusive, são muito boas e infelizmente a distribuidora brasileira peca em não colocar legendas nas letras, já que elas são importantes para entender a personagem. O final do filme reserva uma catártica apresentação de Celeste, onde Natalie Portman literalmente se transforma em uma cantora pop deixando tudo de lado quando sobe ao palco.
“Voz Lux - O Preço da Fama” é uma jornada muito boa através da transformação de Celeste em uma cantora pop e o paralelo com a tragédia de onde surgiu sua oportunidade, que também se transforma numa sina. Não é um filme interessado em apresentar respostas, mas sim reflexões e críticas sobre o tema.
Classificação:
Título Original: Vox Lux (EUA, 2018)
Com: Natalie Portman, Jude Law, Stacy Martin, Jennifer Ehle e Raffey Cassidy
Direção: Brady Corbet
Roteiro: Brady Corbet
Duração: 110 minutos
Não conhecia esse filme, acabei de incluir na lista. Fiquei curiosa, e adoro Natalie Portman!!
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