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domingo, 14 de novembro de 2021

Marighella

Marighella marca a estréia do ator Wagner Moura na direção e adapta para o cinema o livro "Marighella – o guerrilheiro que incendiou o mundo" do jornalista Mário Magalhães, biografia de Carlos Marighella. Após estrear no festival de Berlim em 2019, somente em 2021 o longa-metragem estreou nos cinemas brasileiros. O momento da estreia é importante para relembrar a época da resistência à Ditadura Militar, já que estamos novamente em um governo militar, só que agora foi eleito “democraticamente” através de eleição.

O filme de Wagner Moura foge dos principais clichês de cinebiografias e acerta ao escolher apenas um período da vida de Carlos Marighella para mostrar na tela, os últimos anos da sua jornada. Nessa época ele estava na luta armada que tentou resistir à ditadura usando armas. Essa forma de lutar não era unanimidade entre à oposição ao regime, pois havia aqueles que acreditavam ser melhor usar as palavras.

É interessante como Moura mostra os sacrifícios pessoais de Marighella, que teve, por exemplo, que se afastar do filho para se dedicar à luta. O tempo todo vemos algum personagem, principalmente mulheres, questionando se vale a pena continuar na resistência e arriscar a própria vida. Em certo ponto até ele mesmo reflete sobre as próprias atitudes e isso é importante para não apresentar uma figura caricata e sim uma visão humana do protagonista.

Moura usa muita steadicam (câmera na mão) para filmar os personagens e estar o mais próximo possível deles. Assim o diretor cria uma visão quase documental da narrativa, além de apresentar um clima de urgência e tensão em determinadas cenas. Um bom exemplo disso é a abertura, que mostra o roubo de armas em um trem, que é filmado de maneira brilhante num único plano-sequência.

Outro elemento importante dessa cena é o uso da música "Monólogo Ao Pé Do Ouvido" da banda Chico Science & Nação Zumbi, que ajuda ainda mais a construir inquietude da situação.
O elenco também está muito bem e um dos destaques é Bruno Gagliasso no papel de delegado Lúcio, o “vilão” da história, e o ator constrói muito bem o personagem que representa todo o clima de repressão autoritária da ditadura, sem parecer caricato. Seu Jorge também merece elogios por seu carisma ao conseguir representar bem o lado humano do protagonista. O restante do elenco da mesma forma merece elogios, entregando atuações bastante enérgicas e viscerais.

Em síntese, Marighella faz um belo retrato sobre os últimos anos da vida de Marighella, onde ele estava dedicado à luta armada contra a ditadura. Wagner Moura estreia muito bem como diretor e nos lembra um pouco dessa importante figura histórica e da sua importância para a história do Brasil, que precisa cada vez mais relembrar seu passado para não continuar errando no presente. Para completar, a cena durante os créditos ajuda o espectador a ressignificar o hino nacional para mostrar o que realmente significa ser patriota e lutar pelo melhor para o país.

Classificação:


Título Original: Marighella (Brasil, 2019)
Com: Seu Jorge, Adriana Esteves, Bruno Gagliasso, Luiz Carlos Vasconcelos, Humberto Carrão, Jorge Paz, Bella Camero, Herson Capri, Henrique Vieira, Ana Paula Bouzas, Adanilo, Ana Paula Bouzas, Tuna Dwek, Guilherme Lopes, Rafael Lozano, Charles Paraventi e Brian Townes
Direção: Wagner Moura
Roteiro: Felipe Braga e Wagner Moura
Duração: 155 minutos

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