Em “A Voz Humana” o diretor espanhol Pedro Almodóvar apresenta o seu primeiro filme em inglês, mesmo sendo um curta, e ele escolheu a atriz Tilda Swinton para ser a representante feminina no novo idioma. É uma escolha curiosa, já que o estilo de Swinton é interpretar papéis mais “frios” e racionais, sendo que a filmografia de Almodóvar é extremamente emocional.
Felizmente a escolha foi acertada e Tilda representa bem a protagonista sem nome de “A Voz Humana”, uma mulher que enfrenta o término de um relacionamento, praticamente “à beira de um ataque de nervos” (fazendo referência ao filme de 1988 de Almodóvar chamado “Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos”). É como se o cineasta fizesse um recomeço de sua carreira, só que agora em versão em inglês.
O curta segue bem o estilo e a essência de Almodóvar, seja pelo protagonismo de uma mulher emocional, mais também pelas cores fortes bem explícitas, tanto na cenografia quanto no figurino da protagonista.
“A Voz Humana“ é uma adaptação da peça Jean Cocteau, dessa forma Almodóvar brinca um pouco com o conceito de “peça filmada”. Inicialmente ele não deixa isso claro, mas depois ele filma alguns enquadramentos que deixam claro para o espectador que estamos diante um galpão com um cenário montado. É uma boa “piada” e fica clara a intenção do cineasta de homenagear de alguma forma a origem teatral da história.
A única cena que não se passa nesse cenário é a inicial, onde vemos a protagonista comprando uma machadinha, um elemento de simbolismo importante para a narrativa, já que mostra que a personagem realmente está pensando em tomar alguma atitude drástica em relação ao fim do relacionamento. Vemos Tilda Swinton falando com o ex-amante apenas por telefone, então a atriz faz praticamente um monólogo. Para não dizer que ela está sozinha em cena, a mulher contracena com um cachorro, que também foi abandonado pelo ex-dono e mostra mais um sinal do caráter desse ex.
Infelizmente por ter apenas 30 minutos, “A Voz Humana” deixa um “gostinho de quero mais” no espectador, querendo saber mais sobre o relacionamento da personagem e também ficar mais tempo dentro desse “universo” de Almodóvar. É bom ver o cineasta se arriscando em outra língua e quem sabe essa parceria com Tilda Swinton não renda algum longa-metragem no futuro, vamos aguardar.
Classificação:
Nenhum comentário:
Postar um comentário