Nunca vou cansar de afirmar sobre o feito de Woody Allen conseguir manter uma regularidade na produção de filmes e de como consegue manter um padrão de qualidade. Obviamente que isso tem vantagens e desvantagens. Se por um lado temos sempre uma boa obra cinematográfica para apreciar, de outro nem sempre ela é tão inspirada. É o caso de “O Festival do Amor”, que é um longa-metragem divertido, mas longe do potencial que o cineasta pode apresentar.
Na história conhecemos Mort Rifkin, interpretado por Wallace Shawn que faz o “Woody Allen” do filme, um ex-professor de cinema que virou escritor, mas que ainda não conseguiu escrever um livro. Ele vai junto com a esposa Sue (Gina Gershon) para um festival de cinema em San Sebastián, no interior da Espanha, pois ela trabalha como assessora de imprensa de um jovem diretor chamado Philippe (Louis Garrel). A questão é que o casamento dos dois não está muito bem e durante o evento ela está ocupada cuidando da agenda do cineasta, então está o tempo todo com ele, sem dar muita atenção para o marido. Resta a ele aproveitar um pouco o passeio e enquanto suspeita que ela tem algo com o jovem, Mort conhece uma médica espanhola e se interessa por ela.
Bom, vale citar também que a narrativa é contada por Mort em flashback, já que o filme começa com o personagem em uma sessão de terapia contanto justamente os fatos apresentados em “O Festival do Amor”. Os melhores momentos do longa-metragem ocorrem nos sonhos que Rifkin tem durante a viagem, que fazem referência à obras cinematográficas clássicas, indo de Orson Wells à Federico Fellini, passando por Luis Buñuel (já que a história se passa na Espanha é bom citar um cineasta local) e François Truffaut. Talvez o melhor momento seja uma partida de xadrez do protagonista com a Morte (interpretada por Christoph Waltz), fazendo piada com o filme “O Sétimo Selo” de Ingmar Bergman.
Contudo, essa homenagem de Woody Allen a grandes filmes também resulta em uma falta de criatividade vista em “O Festival do Amor”. Tudo bem, talvez a intenção do cineasta fosse prestar homenagens a grandes diretores – e ele faz isso muito bem –, mas ao mesmo tempo parece que Allen não estava muito inspirado a apresentar nada além de sua zona de conforto em sua recente obra cinematográfica.
O elenco está bem, especialmente Wallace Shawn, que está hilário como o protagonista. E sim, “O Festival do Amor” é divertido e mostra que Woody Allen consegue manter seu padrão de qualidade. Pode não ser algo memorável, mas ainda assim temos 90 minutos de Allen em modo “operário padrão”, o que é suficiente para entreter e garantir uma boa diversão.
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