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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Memórias de uma Gueixa

O filme “Memórias de uma Gueixa” causou polêmica antes mesmo de chegar as telas. Isso por causa do elenco, pois atrizes escolhidas para os papéis de gueixas não eram japonesas. Tudo bem, para nós ocidentais isso pode até ser irrelevante, mas não para os orientais. Os japoneses não gostaram nada desse fato, e também pela maneira como sua cultura é mostrada no filme. Para completar, o filme foi proibido recentemente de ser exibido na China devido a especulações de políticos do país preocupados com a reação popular com o fato de ter uma atriz chinesa no papel de uma gueixa japonesa. Apesar disso, nenhuma justificativa oficial foi dada pelas autoridades de lá.

Quem inicialmente iria dirigir seria Steven Spielberg, mas ele acabou abrindo mão do projeto, ficando apenas como produtor. Rob Marshall, diretor do filme “Chicago”, acabou sendo convocado para a direção. O roteiro foi baseado no livro de mesmo nome, adaptado para o cinema pelo mesmo autor do livro chamado Arthur Golden.

O elenco conta com alguns nomes já conhecidos como Ziyi Zhang e Michele Yeoh, ambas de “O tigre e o dragão” (a primeira é chinesa e a outra é malasiana), e também Ken Watanabe, que esteve em “O último samurai”.

A história fala sobre uma menina de olhos azuis que é vendida por seus pais para uma casa de gueixas. Ela acaba sendo treinada e se tornando uma das gueixas mais famosas da época (que se passa em 1929, pouco antes da segunda guerra mundial). Todo o processo de treinamento e preparação é mostrado. Além disso terá que enfrentar a rivalidade com outra gueixa e a atenção de seus clientes (dos quais ela não pode se apaixonar, segundo as regras). A trama lembra um pouco um conto de fadas, só que em versão japonesa.

A grande atração do filme por conta do seu visual. A reconstituição de época, os figurinos, as danças, tudo é muito bonito. Claro que saber um pouco mais sobre a cultura oriental, e principalmente sobre o mundo das gueixas que é cheio de mistérios e lendas é interessante. Mas fica impressão que tudo é feito de maneira meio superficial, afinal de contas foi um americano que escreveu a história, baseado nos relatos de uma gueixa de verdade chamada Mineko Iwasaki. Inclusive ela está processando o autor por ter tido sua “privacidade desrespeitada”.

A opção de fazer o filme em inglês pareceu ser a mais óbvia, afinal de contas o livro também foi feito nessa língua. E também para o mercado americano, que não aceita muito filmes em outras línguas com o uso de legenda. Isso acaba gerando um problema num determinado momento do filme, em que personagens americanos entram na história, e eles se comunicam com os japoneses sem problemas. Agora em que língua isso teria acontecido? Será que os americanos aprenderam japonês, ou os japoneses inglês? Bom, isso não fica claro na história. Tudo bem, isso pode parecer besteira, mas se tratando de um filme que prezou tanto pela reconstituição de época coisa e tal, esse detalhe acaba passando. Mas se bem que isso é capaz de ser problema mesmo do próprio livro, que foi relevado também no cinema.

O resultado é que o filme acaba valendo muito mais pela parte visual, do que da história propriamente dita. A trama parece mais voltada para ser uma novela. Outro problema é a duração, são quase duas horas e meia de projeção. Não era necessário isso tudo, mas parece que os diretor tem abusado do exagero no tempo de seus filmes, sem muita necessidade.

Com isso, ele acabou sendo indicado ao Oscar apenas nas categorias técnicas, que inclusive foram merecidas. São elas: direção de arte, fotografia, figurino, trilha sonora (John Willians), mixagem e edição de som.

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