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terça-feira, 9 de agosto de 2016

Jason Bourne

A franquia Bourne é uma das poucas cujos filmes melhoraram a cada sequência. Quando o diretor Paul Greengrass assumiu o segundo filme “Supremacia Bourne”, ele elevou a qualidade do roteiro e cenas de ação, e atingiu o ápice em "O Ultimato Bourne”.

Apesar de “Jason Bourne” ser um longa metragem acima da média, infelizmente cai em clichês que havia conseguido evitar até então. Um exemplo é a transformação da trama em vingança. Após os acontecimentos do terceiro filme, Jason Bourne parecia ter conseguido paz. Porém, ao reencontrarmos o personagem percebe-se que o passado ainda o atormenta. Nicky Parsons (Julia Stiles), ex-agente, rouba novas informações da CIA e descobre o envolvimento do pai de Bourne no projeto de recrutamento e, inclusive, a morte dele teria sido usada para influenciar o engajamento de Jason. Com isso, a agente e Bourne entram na mira da agência americana, que dá início à caçada aos fugitivos. Robert Dewey (Tommy Lee Jones), diretor da CIA, lidera a busca com a ajuda da especialista em segurança Heather Lee (Alicia Vikander) e de um matador profissional (Vincent Cassel).

Jason Bourne encara de forma pessoal o envolvimento da CIA na morte do pai. O assassino vivido por Cassel também tem motivos pessoais para matar Bourne desde que Jason revelou os planos da agência. Por causa disso, o personagem de Vincent foi capturado e torturado por inimigos. Apesar de taxar Bourne de traidor, o matador não exita em eliminar aliados em nome da vingança, tornando-se um personagem contraditório, no fim das contas. Isso foi uma das coisas que mais  me incomodou no roteiro. O diretor, Dewey, segue a mesma linha dos filmes anteriores: um sujeito que não enxerga limites para acabar com a ameaça Bourne (olhem aí um bom nome para o próximo filme!). O comportamento da agente Lee também é familiar pois, tal qual Nicky, tenta ajudar e fazer a coisa certa.

A trama ainda entra em outras questões relevantes como a falta de privacidade na Internet e vazamento de informações confidenciais do governo. Porém, se perde ao não se posicionar sobre tais assuntos. O tema é abordado de maneira superficial, tal qual o personagem que cria uma rede social financiada pela CIA.

Apesar da trama irregular, as cenas de ação são o grande destaque do filme. Greengrass impressiona ao criar cenas complicadas, porém compreensíveis, especialmente referente à localização. O uso de planos aéreos ajuda bastante nesse aspecto e a perseguição de carros em Las Vegas é sensacional!
O uso excessivo de flashbacks atrapalha o ritmo do filme, especialmente os que envolvem momentos com “papai bourne”. Matt Damon se esforça tanto em fazer com que tais lembranças pareçam dolorosas que chega a ser engraçado. Tirando esse detalhe, a atuação de Damon é muito boa. Mesmo sem muitos diálogos em cena, ele passa bastante carisma ao personagem, bem como transmite a imagem de um cara durão e imbatível, sem a necessidade de ter uma montanha de músculos.

O elenco merece destaque. Tommy Lee Jones faz o personagem parecer mais perigoso a medida que fica simpático. Alicia Vikander atua de forma que sua personagem seja uma mulher séria, com atitudes que demonstram uma ambiguidade interessante. Vincent Cassel, por outro lado, traz um vilão “genérico”, com atuação automática, muito embora ele é convincente e enérgico.

Jason Bourne” alcança um resultado satisfatório, porém aquém do que a dupla Damon e Greegrass mostrou em filmes anteriores. A história é fechada sem deixar pontas soltas e abre caminho para possíveis sequências. Mas, será que ainda existe algo nas memórias de Bourne que possa ser explorado? Será que ele consegue suportar mais dores de cabeça causadas pelos flashbacks? Se for possível criar uma trama razoavelmente interessante e que garanta boas cenas de ação, além de trazer mais dinheiro ao caixa da franquia, certamente os produtores darão um jeito (risos).

* Texto revisado por Elaine Andrade

Título Original: Jason Bourne (EUA, 2016)
Com: Matt Damon, Tommy Lee Jones, Alicia Vikander, Vincent Cassel, Julia Stiles, Riz Ahmed, Ato Essandoh, Scott Shepherd, Bill Camp, Vinzenz Kiefer e Gregg Henry
Direção: Paul Greengrass
Roteiro: Paul Greengrass e Christopher Rouse
Duração: 123 minutos

Nota: 3 (bom)

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