Animais Noturnos é um daqueles filmes em que ao final dele você se pergunta o que o diretor quis dizer. Essa é uma das graças da arte em geral: gerar esse questionamento do significado ao espectador. O mais interessante é que o filme de certa forma também é sobre isso.
Susan Morrow (Amy Adams), é uma dona de uma galeria de arte que é casada com um homem bonito e bem sucedido. Mas ela começa a questionar o vazio ao seu redor e sua felicidade com o casamento. E Susan se sente ainda mais balançada quando recebe o manuscrito do livro do seu ex-marido Edward (Jake Gyllenhaal), que foi dedicado a ela. A história do livro gira em torno de uma família, formada por um casal e uma filha adolescente, confrontada por 3 jovens violentos numa estrada deserta durante uma viagem a noite.
Iremos acompanhar a história do filme em três narrativas alternadas. A vida presente de Susan, flashbacks do seu passado com Edward e também a história do livro. Mas vale notar que a trama do livro é contada sob a ótica de Susan. Ou seja, é como ela enxerga e interpreta a história, não necessariamente como foi escrita. E essa é a graça da arte: a nossa visão que temos ao ler um livro ou assistir um filme.
O personagem do livro, Tony, também é interpretado por Gyllenhaal. Ou seja, Susan o enxerga com a imagem do seu ex-marido. No início da trama a própria Susan também faz parte da história. Mas depois a mulher assume a forma da atriz Isla Fisher, que parece bastante com Amy Adams. Essa é a forma que o filme utiliza para mostrar a imersão de Susan dentro da história do livro, que curiosamente se chama Animais Noturnos.
A montagem alternando entre as narrativas é muito bem realizada. E são feitos paralelos entre elas. Assim uma cena da história do livro, por exemplo, pode refletir algo do presente ou do passado de Susan. Essa alternância ajuda a fazer essa conexão entre as histórias e deixa o filme ainda mais ambíguo.
Só que a história vai além, falando sobre outros temas como vingança, medo, arrependimento, desejo e outros impulsos do ser humano. Então o filme utiliza sons e simbolismos para acrescentar elementos a narrativa. Deixando-o ainda mais aberto para interpretações.
E até o final do filme o diretor deixa tudo ambíguo em seu significado e em sua moral. A utilização do simbolismo reforça isso ainda mais. O que ele quis dizer? Ou o que Edward quis dizer quando escreveu o livro e o enviou para sua ex? Ao final do filme ficam questões e reflexões e cabe a quem assistiu tomar a sua posição ao tentar interpretar diante do que viu na tela. E essa é uma das grandes graças da arte de forma geral.
Título Original: Nocturnal Animals (EUA, 2016)
Com: Amy Adams, Jake Gyllenhaal, Michael Shannon, Aaron Taylor-Johnson, Isla Fisher, Ellie Bamber, Armie Hammer, Karl Glusman, Robert Aramayo, India Menuez, Andrea Riseborough, Michael Sheen, Jena Malone e Laura Linney
Direção: Tom Ford
Roteiro: Tom Ford
Duração: 116 minutos
Nota: 4 (ótimo)
Nenhum comentário:
Postar um comentário