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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

Assassin's Creed

Deve existir algum tipo de maldição relacionada a games x cinema, afinal, parece impossível fazer um bom filme baseado em um jogo. “Assassin's Creed” não convence nem quem jogou e menos ainda quem nunca ouviu falar da franquia. O roteiro não se preocupa em apresentar, minimamente, os elementos da história.

Diálogos expositivos sem muita elaboração. É assim que o roteiro contextualiza o espectador. Um bom exemplo da forma falha com a qual a história do filme é apresentada para quem assiste é o “salto de fé”. Aqueles que jogaram o game sabem do que se trata. Mas, quem nunca ouviu falar do jogo vai ter que se virar para entender esse elemento dramático da trama. O filme não segue uma regra simples para adaptações: é preciso fazer sentido sem depender da origem.

O mesmo vale para o credo dos Assassinos, apresentado logo no início do filme. Descobrimos que são um grupo cheio de devoção, responsáveis por proteger a Maçã do Éden dos Templários. Esses últimos querem o objeto para controlar o livre arbítrio das pessoas. E nós estamos em algum lugar da Espanha no ano de 1942.

No presente, o espectador é apresentado a Cal Lynch (Michael Fassbender), descendente de um membro do Assassin´s Creed, o qual sabia o paradeiro da Maçã. Lynch é levado à Sofia (Marion Cotillard), uma cientista e criadora da máquina Animus. O equipamento é capaz de ler o DNA humano e mapear o passado de ancestrais de quem a usa.

No jogo, os elementos são mostrados aos poucos para que o jogador se acostume com a ideia absurda por trás do funcionamento do Animus. No filme, falta sutileza. O grande atrativo do game é a viagem ao passado, além das cenas de ação. Essa era a chance de Justin Kurzel, diretor do filme, compensar a falta de um bom roteiro. Mas, infelizmente ele falha.
Nas cenas de ação, para acelerar o ritmo, o diretor usou o mesmo recurso de “Mad Max: Estrada da Fúria”: filmar com menos frames por segundo. Entretanto, em vez de ajudar, o efeito só deixa tudo mais confuso.

Outro problema é que trama se concentra no presente, quando a grande sacada do jogo são os eventos no passado, pois o jogador pode “vivenciar” eventos históricos, inclusive com figuras conhecidas. Mas, na tela, esse aspecto é muito mal utilizado. No filme, Cristóvão Colombo aparece em determinada cena, em uma aparição totalmente gratuita e sem sentido.

Que desperdício de um grande elenco! Nomes como Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons e Charlotte Rampling não conseguem fazer nenhuma diferença em um roteiro tão ruim e cheio de diálogos sofríveis.

Para completar, o roteiro deixa a história em aberto sem necessidade alguma, provavelmente objetivando uma sequência. Mas, pelo andar da carruagem, é pouco provável que um novo filme da franquia seja realizado.

* Texto revisado por Elaine Andrade

Título Original: Assassin's Creed (EUA, 2016)
Com: Michael Fassbender, Marion Cotillard, Jeremy Irons, Charlotte Rampling, Brendan Gleeson, Michael Kenneth Williams, Denis Ménochet, Ariane Labed, Khalid Abdalla, Essie Davis, Callum Turner, Carlos Bardem, Javier Gutiérrez e Brian Gleeson
Direção: Justin Kurzel
Roteiro: Michael Lesslie, Adam Cooper e Bill Collage
Duração: 115 minutos

Nota: 1 (péssimo)

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