A origem do Coringa nos quadrinhos sempre foi cheia de mistérios e isso faz com que o personagem fosse ainda mais ameaçador. A ideia do diretor Todd Phillips é apresentar uma história de origem que não se preocupa com o universo das HQs, mas sim com uma pegada mais realista. O cineasta abraça o estilo Martin Scorsese e faz com que a figura do palhaço do crime tenha uma pegada Taxi Driver, tanto na época em que a história se passa como na construção do protagonista. E a presença de Robert De Niro no elenco ainda ajuda a deixar essa influência ainda mais evidente.
A escolha de Joaquin Phoenix para o papel de Coringa / Arthur Fleck também foi fundamental para o filme, já que o ator é um dos mais talentosos da atualidade. Phoenix vai fundo no desenvolvimento do personagem, tanto na parte física ao apresentar uma magreza assustadora, mas principalmente na parte dramática e psicológica. É impressionante acompanhar a jornada do protagonista, começando como uma figura frágil e ingênua, mas que aos poucos se transforma em um psicopata, seja por problemas pessoais e psiquiátricos, mas também como vítima da sociedade.
O filme é tecnicamente muito bom, com uma excelente fotografia que acerta em cheio em cenas como ao mostrar o protagonista subindo escadas em seu caminho de casa, mostrando-a visto de baixo como algo enorme e um grande desafio que o personagem enfrenta todos os dias. Em outro momento vemos o Coringa já totalmente “transformado” dançando nas mesmas escadas, e vendo-a de outro ângulo o personagem já parece muito maior diante daquele agora pequeno “obstáculo”. O uso das cores também é muito bom, principalmente nos tons de verde e roxo, cores marcantes do figurino do Coringa.
O roteiro faz um ótimo estudo de personagem, mostrando todas as nuances do Coringa, e é interessante como desenvolve empatia do espectador com o protagonista, mesmo vendo os absurdos que ele comete. Esse sentimento dúbio é muito bem explorado pela narrativa, principalmente na cena em que Arthur em casa lida com um ex-colega de trabalho que é anão e não consegue alcançar a maçaneta da porta. O diretor Todd Phillips explora muito bem esses momentos e constrói outros momentos bem marcantes durante o filme.
Contudo, Coringa tem problemas em seu ato final, na conclusão da jornada do protagonista. Obras de arte sempre podem ter diversos tipos de interpretações, mas é importante que fique claro qual o ponto de vista do cineasta, mesmo que ele queira deixar algo em aberto. O problema é que Todd Phillips não parece deixar claro qual a sua real intenção e isso diminui o impacto do fechamento. Isso não tira os méritos da obra como um todo, mas diminui a sua repercussão.
Classificação:
Título Original: Joker (EUA, 2019)
Com: Joaquin Phoenix, Robert De Niro, Zazie Beetz, Frances Conroy, Brett Cullen, Shea Whigham, Marc Maron, Douglas Hodge, Carrie Louise Putrello e Dante Pereira-Olson
Direção: Todd Phillips
Roteiro: Todd Phillips e Scott Silver
Duração: 121 minutos
Rapaz... Gostei muito do filme, mas Tb saí do cinema com a sensação de que algo me incomodou no final do filme... Além do que vc me comentou, que o diretor não deixa claro, pra mim não faz sentido deixar ele como herói do filme... Entendo a construção, mas isos me incomodou muito pois o filme Tb deixa claro a piscicopatia do personagem... Enfim
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