“Judy: Muito Além do Arco-Íris” é a cinebiografia da atriz/cantora Judy Garland, interpretada por Renée Zellweger, que foca na série de shows que artista fez em Londres no final de sua vida. O filme de Rupert Goold faz um paralelo com a adolescência de Judy, quando ela estrelou o seu 1º longa: O mágico de Oz. O problema é que o roteiro de Tom Edge não sabe muito bem o que quer mostrar, além de explorar da pior maneira possível os principais clichês do gênero biografia.
A própria atuação de Renée Zellweger já mostra os problemas do filme. Hollywood adora esse tipo de performance onde uma figura real é retratada e o ator/atriz faz uma enorme transformação física para o papel. Zellweger emagreceu bastante e o filme volta e meia a filma de costas para que possamos ver o seu “esforço”. O problema é que Renée exagera na caricatura e no exagero, então muitas vezes enxergamos ali não uma atuação, mas uma “imitação”. Isso tira o espectador da história a todo instante.
Além disso, o já citado paralelo da vida adulta com a adolescente de Judy simplesmente não funciona. O filme de Rupert Goold não se decide se o que a protagonista está passando é culpa dela, por ter escolhido essa vida de estrela de Hollywood, ou se seria a culpa do “sistema”, que é representado através de “vilões”. No passado temos o produtor Louis B. Mayer (Richard Cordery), que obriga a jovem Judy a fazer sacrifícios em nome da sua carreira. E no presente temos Sidney Luft, um ex-marido da protagonista, que quer tirar a guarda dos filhos de Judy, já que moça não está em condições de criá-los.
O filme não precisava construir essa dualidade do bem versus mal, já que isso não existe no mundo real. Mas em cinebiografias é necessário criar um conflito e obstáculos que o protagonista precisa superar. E é justamente por apostar nesses clichês que “Judy: Muito Além do Arco-Íris” erra feio. A história de Judy é resumida a uma novela ruim, onde a mocinha precisa enfrentar os malvados para sobreviver, enquanto sofre com as escolhas do passado.
O diretor também erra ao não contar a história de Judy de maneira interessante, assumindo que o espectador conhece muitos detalhes, e também peca por apresentar elementos que não acrescentam em nada a narrativa. Um bom exemplo é a aparição de Liza Minelli, a 1ª filha de Judy que segue os mesmos passos da mãe, que surge tão rapidamente que não serve para nada além de um péssimo “easter-egg” para fãs.
Para compensar os problemas, o cineasta aposta nos momentos musicais, que são as partes mais interessantes do filme. E ganham ainda mais força já que a própria Renée Zellweger interpreta as canções, dando mais verossimilhança às cenas. Mas até mesmo nisso “Judy: Muito Além do Arco-Íris” tem problemas, principalmente por acrescentar momentos constrangedores, como na parte em que Judy não consegue cantar, então alguém do público levanta e começa a cantar e logo mais toda a platéia está em pé cantando.
Em síntese, “Judy: Muito Além do Arco-Íris” é um filme bem irregular que erra por apostar em clichês ruins de cinebiografias para contar uma história interessante da artista Judy Garland, que é resumida como uma mulher “problemática”, e não como uma grande artista que foi. Uma pena!
Com: Renée Zellweger, Finn Wittrock, Jessie Buckley, Rufus Sewell e Michael Gambon
Direção: Rupert Goold
Roteiro: Tom Edge
Duração: 118 minutos
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