No primeiro momento o filme norueguês “A Pior Pessoa do Mundo” poderia ser definido como uma comédia romântica, onde uma personagem feminina e jovem está em busca de uma definição profissional e também de um amor. Mas definir assim a obra de Joachim Trier seria muito superficial, pois ela vai muito além disso.
Julie, interpretada por Renate Reinsve, está no início da vida adulta e como muitos jovens ainda tem dúvidas sobre qual carreira seguir. O filme é dividido em 12 capítulos e mais um prólogo e um epílogo, então nesse começo acompanhamos a jornada da protagonista em busca de um curso que a satisfaça. Depois de tentar medicina e psicologia, ela tenta virar fotógrafa. Mas nada disso dá certo e ela começa a trabalhar em uma livraria. Nesse meio tempo conhece Aksel (Anders Danielsen), um artista de quadrinhos 15 anos mais velho e eles iniciam um relacionamento.
É a partir dessa relação que surgem ainda mais dúvidas na cabeça de Julie e o roteiro de Eskil Vogt e Joachim Trier faz um ótimo estudo de personagem onde apresenta reflexões interessantes sobre o universo feminino e também sobre o amadurecimento humano moderno. A diferença de idade também reflete um conflito de interesses e prioridades, como por exemplo, o fato dele querer ter filhos e ela não. Ou de como ela não consegue se encaixar com os amigos deles.
É importante frisar a diferença entre a realidade norueguesa e a brasileira, por exemplo, assim as ambições da personagem podem ser avaliadas de outra forma se considerarmos o nível sócio-econômico da Noruega. Assim, a jornada de autoconhecimento e a busca de si mesma enfrenta outras questões por lá. No país europeu é muito mais fácil uma mulher ter condições financeiras de se virar sozinha e não ter que depender da família ou de um(a) companheiro(a), mas isso não quer dizer que trajetória será mais fácil, mas sim diferente e com outros tipos de obstáculos.
No final das contas, “A Pior Pessoa do Mundo” se destaca pela atuação muito boa de Renate Reinsve que brilha como Julie, construindo uma personagem multidimensional e interessante. O roteiro explora bem sua jornada de maneira inteligente sem cair em clichês, resultando em um ótimo filme.
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