Turminha do RAMON: Mães Paralelas

Pedro Almodóvar é um cineasta com um estilo único, onde consegue contar histórias cheias de drama sem cair no melodrama e apresentando surpresas e reviravoltas onde o absurdo se confunde com o realismo. Ao mesmo tempo, ele consegue captar a alma feminina como poucos. Para completar, em “Mães Paralelas” ele inclui o tema político -- também frequente em sua filmografia -- para lembrar a história do seu próprio país, a Espanha.

Mais uma vez ele convoca Penélope Cruz para protagonizar um filme e ela vive Janis, uma fotógrafa que tem uma gravidez não planejada e graças a isso tem sua vida conectada com Ana (Milena Smit), que fica grávida muito jovem e também sem planejamento. A partir daí surgem as “Mães Paralelas” do título e acompanhamos a jornada de cada uma delas dentro do mundo da maternidade. Falar mais do que isso pode estragar algumas das surpresas do roteiro, também escrito por Almodóvar.

Mais uma vez Penélope Cruz apresenta uma interpretação marcante e excelente, mas quem surpreende é Milena Smit que brilha tanto quanto Cruz. As duas desenvolvem personagens de mulheres fortes e multidimensionais, apresentando como cada uma lida com a maternidade. E a química entre elas também impressiona.

Pedro Almodóvar apresenta todos os aspectos visuais que sempre são marcantes em sua filmografia, onde as cores fortes dos cenários e dos figurinos sempre se destacam. Temos mais uma vez a trilha sonora eficiente de Alberto Iglesias, colaborador frequente do cineasta, que ajuda a ditar o tom da narrativa, sem nunca exagerar na dose para torná-lo artificial.

Em síntese, “Mães Paralelas” é um excelente filme que além de contar com um roteiro inspirado, ainda tem atuações marcantes e uma direção que surpreende, como sempre, e ainda subverte clichês, explorando bem o tom emocionante da narrativa, sem cair em clichês e em melodrama.

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