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segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A Travessia (The Walk)

Título Original: The Walk (EUA, 2015)
Com: Joseph Gordon-Levitt, Ben Kingsley, Charlotte Le Bon, James Badge Dale, Ben Schwartz, Steve Valentine, Benedict Samuel e César Domboy
Direção: Robert Zemeckis
Roteiro: Robert Zemeckis e Christopher Browne
Duração: 123 minutos

Nota: 5 (excelente)




Um homem resolve atravessar de uma torre a outra do World Trade Center em Nova York se equilibrando em um cabo de aço. Louco ou um artista? Uma coisa “absurda” desse tipo só podia ser algo baseado em fatos reais (risos). Em “A Travessia”, iremos conhecer o equilibrista Philippe Petit (Joseph Gordon-Levitt) que em 7 de Agosto de 1974 realizou essa façanha. O filme de Robert Zemeckis tenta mostrar as motivações do personagem e toda a beleza da sua performance que entrou para a história. Além disso, o diretor ainda presta uma bela homenagem as torres gêmeas. Afinal de contas ao lembrar delas a primeira coisa que vem a cabeça é o terrível atentado ocorrido no dia 11 de Setembro de 2001 que as derrubou. Então é bom lembrar de uma história bonita sobre os prédios.


Robert Zemeckis volta a fazer um grande filme

É bom ver Robert Zemeckis realizando um grande filme. Sou fã do diretor que fez alguns dos meus filmes favoritos como “De Volta para o Futuro” e “Uma cilada para Roger Rabbit”. Nos últimos anos ele tem se dedicado a técnica de captura de movimento em animações em trabalhos como “O Expresso Polar” e “A Lenda de Beowulf”. Foram bons filmes, mas que se destacavam mais pela técnica do que por uma boa história. Recentemente em voltou ao “cinema tradicional” com “O Voo”, mas era um filme correto demais. Aqui ele conseguiu encontrar um equilíbrio (isso não foi proposital) entre uma história muito boa e uma técnica de efeitos especiais necessária para contar. 


Realidade X Ficção

Em 2009 o documentário “O Equilibrista” contou essa mesma história. Então o que “A Travessia” poderia trazer de diferente? Resposta: a travessia propriamente dita. O trabalho da parte visual e técnica da equipe de Zemeckis para recriar a travessia entre as torres gêmeas é impressionante. O uso do 3D foi bastante útil para dar a noção de profundidade. E somente essa cena que dura algo em torno de 17 minutos já vale o ingresso do filme.

No mesmo dia que eu assisti “A Travessia” corri atrás para assistir o documentário. Funcionou como um extra bem interessante. Inclusive recomendo deixar para assisti-lo depois do filme. É engraçado notar as diferenças entre a realidade e a “ficção”. Em alguns momentos a realidade é até mais absurda (risos). A começar pela travessia em si que no mundo real levou 45 minutos. Após assistir o filme tentem imaginar que demorou mais do que aquilo (mais risos).

Confesso que gostei mais o filme. A versão de ficção de Philippe é mais carismática. E o filme de Zemeckis consegue captar melhor a poesia e a beleza por trás do feito. Talvez pela “magia” do cinema. Afinal no documentário os envolvidos contam o que aconteceu, enquanto no filme vemos a versão romantizada dos fatos que acaba funcionando melhor.


Pequenos problemas e clichês

O roteiro não segue a mesma ousadia do seu personagem principal. O próprio personagem é o narrador da história e surge no alto da estátua da Liberdade para contar sua história. A referência é boa já que tanto Philippe quanto a estátua são franceses e de certa forma (em menor e maior escala) viraram referência para a cidade de Nova York. Então iremos saber mais sobre sua vida, sobre como surgiu a vontade em virar equilibrista e de onde veio a ideia de atravessar as torres gêmeas. 

O filme pode ser dividido basicamente em 3 partes. Primeiro a apresentação do personagem e suas motivações. Depois o planejamento da travessia e em seguida a execução do plano. Nisso vão surgindo os personagens que fazem parte da trupe de Philippe. Tudo é construído de maneira básica, mas bastante eficiente. 

O elenco não é formado por grandes nomes, mas todos são bastante competentes. De conhecido temos Ben Kingsley (Homem de Ferro 3) que faz um personagem que funciona como uma especie de tutor das técnicas de equilibrismo para Philippe. Obviamente o grande destaque é Joseph Gordon-Levitt (Como não perder essa mulher) que esbanja carisma no papel principal, apesar de em poucos momentos exagerar um pouco na caricatura do sotaque francês. Sua dedicação ao papel também incluiu aulas com o Philippe de verdade para poder conseguir fazer o básico de um equilibrista que é conseguir ficar em pé em cima da corda.


Louco ou artista?

Tentando responder a pergunta que eu fiz no início do texto tenho que dizer: Philippe é uma mistura das duas coisas. Afinal de contas a loucura faz parte da arte. E definir o que é arte nem sempre é fácil. É justamente isso que o filme tenta mostrar que todo o absurdo e a loucura do personagem em busca do seu sonho valeram a pena em nome da arte. Nisso o filme funciona muito bem. O resultado é um filme bastante bonito e emocionante. Mesmo sabendo que no final das contas Philippe conseguiu realizar sua façanha sempre fica a impressão de que não vai dar certo ou de que não é possível fazer. E o fato vale mais que o filme em si, mas a experiência de chegar próximo ao que ele deve ter sentido durante a travessia vale o filme. Obrigado Robert Zemeckis por nos proporcionar isso.

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