O filme conta a história da família March, especialmente de Jo (Saoirse Ronan) que também é a narradora. Em 3 linhas temporais diferentes acompanhamos momentos específicos delas e de como eventos do passado se refletem no presente. E Greta Gerwig é inteligente ao separar cada “tempo” através das cores da fotografia, então o passado tem cores mais quentes e vibrantes, enquanto o presente tem tons mais frios e escuros. Uma ótima maneira de criar uma lógica visual para a narrativa e que facilita o público acompanhar a alternância dos “saltos” temporais.
A trama se passa no mesmo ano de publicação do livro: 1868. E se nos tempos atuais a vida das mulheres ainda envolvem lutas por igualdades de gênero, nessa época era ainda pior, já que para muitas delas um “bom” casamento era a única chance de terem uma “boa” vida.
No entanto, Jo sonha mais alto e quer se tornar uma escritora. “Adoráveis Mulheres” começa com uma cena onde a jovem vai a redação de um jornal vender um de seus contos. Mas o simples fato de ser mulher faz com que seu sonho se torne muito mais difícil de se realizar.
Apesar do protagonismo de Jo, as outras irmãs March também tem sua importância dentro da narrativa. A relação da família é o que guia a história. É interessante ver a sororidade entre elas, apesar dos conflitos naturais que aparecem. E a importância disso, já que a vida em si já é cruel com as mulheres, então elas não precisam também ser entre si.
A humildade da família também é um ponto bem explorado, já que mesmo elas não tendo muito dinheiro e algumas dificuldades financeiras, não as impedem de ajudar uma outra família que está em uma situação pior.
Contudo, outra questão abordada gira em torno de amizades e amor. Nesse ponto o filme assume um tom um pouco mais “novelesco”, mas que não chega a tirar o brilho da narrativa. A relação entre Jo, sua irmã Amy (Florence Pugh) e Theodore (Timothée Chalamet) é o que dita essa parte da trama.
“Adoráveis Mulheres” se destaca também pelas atuações excelentes, a começar por Saoirse Ronan que apresenta todas as nuances e dimensões de sua personagem, que fica no dilema entre ajudar a família e alcançar o seu sonho de escritora. Florence Pugh também está muito bem e os conflitos entre Amy e Jo são muito bem explorados graças ao talento das atrizes. E o filme ainda conta com ótimas participações de grandes atrizes como Laura Dern e Meryl Streep. Já Timothée Chalamet está um pouco mais contido, com uma atuação competente, que em nenhum momento consegue tirar o brilho e o protagonismo das mulheres da história.
Em síntese, Greta Gerwig prova mais uma vez seu talento como diretora e roteirista, fazendo um filme feito por mulheres e para mulheres. E ter escolhido a obra de Louisa May Alcott mostra o quanto o tema sobre a representação feminina nas artes, e no mundo, ainda tem muito o que evoluir, apesar de avanços desde a época da publicação do livro.
Classificação:
Com: Saoirse Ronan, Emma Watson, Florence Pugh, Eliza Scanlen, Laura Dern, Timothée Chalamet, Meryl Streep, Tracy Letts, Bob Odenkirk, James Norton, Louis Garrel e Chris Cooper
Direção: Greta Gerwig
Roteiro: Greta Gerwig
Duração: 135 minutos
Adorei esse filme! Já tinha assistido a versão com Claire Danes e Winona Rider (faltou comentar que essa não é a primeira adaptação do livro), mas Tb acho que Greta conseguiu atualizar, e aí dar colocar a impressão digital dela (a "dúvida" do final é muito boa)!!
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