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domingo, 10 de outubro de 2021

007 – Sem Tempo Para Morrer

A era Daniel Craig chega ao fim em “007 – Sem Tempo Para Morrer”, último filme no qual o ator interpreta o icônico personagem James Bond. Sem dúvidas esse capítulo final de sua jornada é o mais emocional e também o que mostra o lado mais humano do protagonista. O diretor Cary Joji Fukunaga foi o responsável por esse encerramento, sendo o primeiro cineasta americano a comandar uma película da franquia, e felizmente ele não tentou fazer uma continuação maior que o antecessor, assim ele manteve o tom das cenas de cão, repetindo o que funcionou e assumindo um teor mais dramático da trama.

Sem Tempo Para Morrer funciona ao mesmo tempo como uma conclusão da história de origem de James Bond -- não por acaso o filme começa com a clássica vinheta no qual o personagem surge diante de um círculo branco, simulando o cano de uma arma (gun barrel), apontando em direção ao espectador e atirando – mas também como um encerramento da sua jornada como agente 00. Se em “007 Contra Spectre” o protagonista já ensaia o uso de alguns gadgets, na continuação ele já está bem mais a vontade com os equipamentos.
 

É nostálgico ver o famoso Aston Martin com uma metralhadora saindo de dentro dos faróis ou um relógio de pulso com um recurso explosivo. Outro elemento clássico da franquia que retorna é colocar o vilão com uma base secreta localizada em uma ilha misteriosa. Da mesma maneira, a forma como Rami Malek desenvolve o personagem Lyutsifer Safin beira o caricato, mas felizmente ele encontra um limite e faz de tudo para não ultrapassá-lo. Assim Sem Tempo Para Morrer se aproxima dos filmes anteriores, mas sem perder o tom atual construído durante a fase de Daniel Craig.

Uma mudança importante fica por conta das personagens femininas que ganham protagonismo e importância dentro da narrativa. A personagem Madeleine Swann, interpretada por Léa Seydoux, que era mais um par romântico de Bond no filme anterior, ganha maior relevância, com direito a trama explorar seu passado na cena de abertura de Sem Tempo Para Morrer. Outro destaque fica por conta de Nomi (Lashana Lynch), uma nova agente 00 que funciona tanto como alívio cômico quanto como uma dupla para James na ação. A presença de Ana de Armas como Paloma também surpreende e mesmo com pouco tempo em tela a atriz deixa a sua marca. Entre os homens também existe um equilíbrio do destaque de cada um, que mostra que o roteiro encontra espaço para todos os personagens apresentarem suas respectivas funções dramáticas.

Essas alterações sem dúvidas fazem da parte da presença de Phoebe Waller-Bridge, conhecida principalmente pela série Fleabag, como uma das roteiristas, já que ela é uma das poucas mulheres, que se junta a Joanna Harhwood -- uma das roteiristas de Dr. No, a contribuir na trama da franquia 007. A atriz/roteirista tem experiência no gênero espionagem por ter escrito alguns episódios do seriado Killing Eve, assim ela apresenta mulheres mais verossímeis e também -- como citado no início do texto – mostra mais o lado humano de James Bond.

Nas cenas de aventura o diretor Cary Joji Fukunaga mantém o tom “realista” dos filmes anteriores protagonizados por Craig, sem grandes megalomanias, construindo momentos bem dirigidos onde o espectador capta muito bem os movimentos e a ação apresentada na tela. O início onde Bond é perseguido por antagonistas nas ruas de uma cidade do interior da Itália é um bom exemplo, assim como uma caçada por dentro de uma floresta ou o momento em uma casa em Cuba. Sim, outro elemento que se mantém na franquia é a escolha de locações em vários lugares do mundo.

Falar sobre a trama sem dar spoiler é complicado, mas digamos que após o “final feliz” de ‘Spectre’ onde o vilão Blofeld sendo preso não dura muito e James Bond mais uma vez abandona a aposentadoria para enfrentar uma nova ameaça quando uma arma biológica cai nas mãos inimigas. Não é tão simples assim, mas quanto menos souber sobre o enredo melhor para não estragar as surpresas.

Em síntese, “007 – Sem Tempo Para Morrer” conclui muito bem a jornada de Daniel Craig como James Bond, mostrando que a franquia conseguiu mais uma vez se atualizar e reinventar, sem perder a sua essência. Um final emocionante e digno para um dos personagens mais famosos e interessantes da história do cinema.


Classificação: 



Título Original: No Time to Die (Estados Unidos, Reino Unido, 2021)
Com: Daniel Craig, Rami Malek, Léa Seydoux, Lashana Lynch, Ben Whishaw, Naomie Harris, Jeffrey Wright, Christoph Waltz e Ralph Fiennes
Direção: Cary Joji Fukunaga 

Roteiro: Neal Purvis, Robert Wade, Cary Joji Fukunaga e Phoebe Waller-Bridge; história de Neal Purvis, Robert Wade e Cary Joji Fukunaga 

Duração: 163 minutos

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