propaganda

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)

Título Original: Birdman (EUA, 2014)
Com: Michael Keaton, Edward Norton, Emma Stone, Zach Galifianakis, Naomi Watts, Andrea Riseborough, Jeremy Shamos, Amy Ryan e Lindsay Duncan
Direção: Alejandro G. Iñárritu
Roteiro: Alejandro González Iñárritu, Nicolás Giacobone, Alexander Dinelaris e Armando Bo 
Duração: 119 minutos

Nota: 5 (excelente)

É bom ver o diretor mexicano Alejandro G. Iñárritu mudar o estilo de seus filmes. Após “Amores Brutos”, “21 gramas” e “Babel”, parecia que ele tinha esgotado sua própria forma de filmar. Tanto que acabei ficando com preguiça de assistir “Biutiful”. Em “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)” ele segue por um caminho mais “cômico”, mas sem deixar sua seriedade de lado. 

Ele entra numa trama que mistura comédia, drama, metalinguagem, crítica a arte (cinema e teatro basicamente) e também ao crítico, tudo isso de maneira criativa, brilhante, inteligente e interessante. Sem dúvidas um projeto bem ousado e ambicioso, a começar pelo seu formato. O filme foi editado de forma a parecer ter sido feito em apenas um plano-sequência (sem cortes). O truque funciona muito bem ao estar sempre acompanhando algum personagem por onde ele vai e também deixa de lado a necessidade de ser em tempo real. O ritmo que isso da a história é impressionante.

Agora vamos a trama onde temos um ator chamado Riggan Thomson (Michael Keaton) que após fazer muito sucesso no cinema com o personagem Birdman resolve tentar a sorte no teatro onde escreveu, dirige e protagoniza uma peça baseado num conto de Raymond Carver. Seu objetivo é tentar fazer algo relevante novamente para que possar ser lembrado por ter feito algo de verdade. Mas a tarefa não será nada fácil já que o projeto passa por problemas. Isso sem falar que ele é “atormentado” pela voz do Birdman. A história mistura realidade com uma espécie de realismo mágico que faz com que nos perguntemos se o que está acontecendo é verdade ou apenas imaginação e devaneios do personagem.
Aí entra a principal “piada” da metalinguagem. Keaton ficou famoso por interpretado o Batman nos cinemas e desde então sua carreira não foi a mesma. Esse filme foi uma forma dele voltar a fazer algo relevante e interessante. A escolha dele para o papel é excelente e ele ganhou o papel de sua vida. E entrega uma atuação impressionante. Poderia escrever um texto apenas falando sobre as referências de metalinguagem do filme, mas isso iria estragar boa parte da graça e das “piadas” do filme.

O restante do elenco também é sensacional. Destaques para: Edward Norton (O Legado Bourne) que interpreta um ator que também está na peça e cria vários conflitos pelo seu jeito de trabalhar, Emma Stone (Magia ao Luar) que vive a filha de Thomson e trabalha de assistente na peça enquanto se recupera por ter saído de uma reabilitação de drogas, Naomi Watts (O Impossível) que vive uma atriz receosa pela peça ser sua estreia na Broadway. Mas quem me chamou mais a atenção foi Zach Galifianakis, que vive o produtor da peça e amigo de Thomson, provando que consegue fazer um papel “normal” diferente das comédias “Se beber, não case”.

Outro destaque técnico é a trilha sonora feita por Antonio Sanchez somente usando bateria usando um ritmo meio de jazz parecendo que está improvisando na hora e que dita o ritmo do personagem principal. Inclusive tem uma piada muito boa sobre isso, mas não vou contar para não estragar.

A fotografia também é sensacional, feita por Emmanuel Lubezki (Gravidade), já que todos cortes do filme tiveram que ser pensados antes de começar as filmagens para que o efeito do plano-sequência único funcionasse. Isso exigiu mais também do elenco que teve que ensaiar bastante e filmar várias páginas do roteiro de uma vez respeitando as marcações para estarem no lugar certo e se movimentar de maneira correta. A filmagem foi feita em menos de 1 mês e na sequência correta do roteiro, o que pelo menos facilitou na hora de editar que durou apenas 2 semanas. Eles alugaram um teatro para as filmagens, mas também tem cenas num estúdio que tinha mais liberdade de movimento, principalmente para a câmera.
O resultado é um filme bastante ousado e ambicioso que consegue alcançar seus objetivos, além de ser bem divertido e interessante, sem deixar de ser inteligente, sério e crítico. Sem dúvidas um dos melhores do ano garantido no top 10 de 2015 pois eu acho difícil conseguir ver 10 filmes (lançados esse ano) melhores que esse.

Um comentário:

Marcio Melo disse...

Não achei tão excelente assim, até mesmo essas alfinetadas no mundo da sétima arte são, se analisadas friamente, manjadas.

Um ótimo filme sem dúvidas e que vale muito pelas atuações ou ainda pela 'piada' metalinguística inserida nele.

No máximo receberá de mim uma menção honrosa ao final do ano, entre os melhores acho bem difícil até porque 2015 está prometendo muito.