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quinta-feira, 22 de outubro de 2015

A Colina Escarlate (Crimson Peak)

Título Original: Crimson Peak (EUA, 2015)
Com: Mia Wasikowska, Tom Hiddleston, Jessica Chastain, Charlie Hunnam, Jim Beaver, Burn Gorman, Leslie Hope, Jonathan Hyde, Bruce Gray, Emily Coutts e Doug Jones
Direção: Guillermo del Toro
Roteiro: Matthew Robbins e Guillermo del Toro
Duração: 119 minutos

Nota: 4 (ótimo)





O filme “A Colina Escarlate”, novo trabalho do diretor Guillermo del Toro, poderia ser facilmente classificado como um “simples” filme de terror. Principalmente pelo fato da história ter a presença de fantasmas. Logo início já vemos a personagem principal Edith (Mia Wasikowska) aparecer no meio da neve suja de sangue. E ela diz a principal frase do filme: “fantasmas são reais”. Sim, dentro do universo do filme eles existem. Mas aparentemente eles não estão lá para assustar e sim passar alguma mensagem. Além disso, eles não são o tema principal da história. Como o próprio Guillermo falou o filme é um romance gótico. Ou seja, uma história de amor com um visual e tom de filme de terror. Não é filme feito para assustar, mas em alguns momentos a personagem principal irá passar por situações desse tipo. O próprio visual do filme ajuda a criar esse clima.

Um diretor visual

A parte visual é sempre a que chama mais a atenção nos filmes de del Toro. Ele tem um talento incrível para dar vida ao universo dos seus trabalhos como “O Labirinto do Fauno” e “Círculo de Fogo”. Aqui a coisa não é diferente. O trabalho o design de produção é impressionante. Trata-se de um filme de época, século XIX, aí ainda aumenta a importância da caracterização do período. Felizmente o filme escapa dos clichês do gênero pelo seu tom gótico. A começar pelo figurino dos personagens que já entrega um pouco de suas intenções ou de suas personalidades. Mas o que mais chama a atenção é o visual da casa da família Sharpe. O local é de uma incrível riqueza de detalhes para mostrar todas as suas peculariedades. O mais interessante é o buraco no teto que deixa o salão principal suscetível ao clima do lado de fora, seja neve, chuva ou com folhas caindo das árvores do lado de fora. Ou seja, a casa ajuda bastante a criar o clima de mistério e terror da trama, apesar de não ser o tom principal da história.

Uma história com fantasmas

Ou seja, não é uma história sobre fantasmas, mas sim com fantasmas. Edith perdeu a mãe cedo e foi justamente o fantasma dela o primeiro que ela viu. O recado era “cuidado com a colina escarlate”. Pena que a menina só entendeu a mensagem tempos depois. Ela cresceu e sonha em ser escritora. Alguém como Mary Shelley, autora de Frankenstein, e não uma escritora de histórias românticas como Jane Austen. Seu pai a incentiva a ser uma mulher independente e que corra atrás dos seus sonhos e a incentiva a escrever. O problema é que a primeira pessoa a ler seu primeiro livro reclama que falta um “romance” na história. Daí surge a principal “piada” do filme.

Quando Thomas Sharpe (Tom Hiddleston) aparece na cidade em busca de financiamento para uma máquina ele chama a atenção da Edith. Logo surge algo entre eles. Sem contar muito sobre a história para não estragar as surpresas, é preciso dizer que eles acabam se casando e indo morar na casa dele. Não posso deixar de citar a irmã Lucille Sharpe (Jessica Chastain) e logo percebe-se que existe algum mistério entre eles. O casal e a irmã vão morar juntos na casa que eu falei na parte do visual. Não demora até que a “mocinha” do filme descubra que existe algo errado no passado do seu marido.


A “mocinha” da história

Felizmente o filme não aposta numa mocinha que está indefesa esperando que alguém vá ajudá-la. Ela é capaz de cuidar de si mesma e ao perceber que tem algo errado tentará investigar para tentar descobrir a verdade. Aí vale ressaltar o ótimo trabalho da atriz Mia Wasikowska que cada vez mais prova o seu talento sempre trabalhando com bons diretores e fazendo papéis interessantes. Pensando que seu primeiro papel de destaque foi como Alice na versão de Tim Burton é bom ver que ela não seguiu o caminho normal de Hollywood e tem investido em filmes diversificados.

Ela não é o único destaque do elenco. Não posso deixar de falar também das atuações de Tom Hiddleston e Jessica Chastain. Hiddleston mostra que seu personagem mistura bem o charme e o mistério enquanto Chastain apresenta uma mulher que também esconde algo comprometedor.


Um romance gótico

No final das contas o principal tema do filme acaba sendo o romance entre Edith e Thomas. Ela vê algo de diferente nele e se apaixona, mas será que existe mesmo amor ou é apenas interesse por parte de Thomas já que a família dela é rica. Agora se isso fosse contado de maneira tradicional seria fácil cair em clichês. Mas ao optar por criar todo um clima de uma história de terror, suspense e mistério que acaba sendo o diferencial do filme de del Toro. Afinal de contas ele não ia entregar uma simples história de amor ou simplesmente um filme de terror. Essa mistura de gêneros é a grande graça do filme, mas essa mistura também gera alguns pequenos problemas que não chegam a comprometer o resultado final. Mas só a ousadia e a parte visual já são o suficiente para valer assistir um filme de Guillermo. Aqui ele consegue contar mais uma história peculiar e interessante, tudo isso com um visual impressionante.

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